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Home Economia

Após prisão, delação e terapia, fundador da GOL aconselha: “Não aceite propina”

O empresário Henrique Constantino relata em livro trajetória de sucesso, traumas e esquema que levou ao seu afastamento dos negócios por quatro anos

Ricardo Antunes Por Ricardo Antunes
20/02/2021 - 19:58
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Por Eliane Trindade, da Folha de S. Paulo — Henrique Constantino acorda sempre às 6h nos últimos quatro anos. Horário em que foi despertado por gritos e socos na porta do seu apartamento em prédio de luxo na Vila Nova Conceição em São Paulo.

 

“Polícia Federal. Abre a porta ou vamos arrombar”, foi a frase que o puxou para dentro de uma das inúmeras ações policiais da Lava Jato.

Em 1º de julho de 2016, o filho caçula de Nenê Constantino foi alvo da Operação Sépsis, que investiga esquema de propina na Caixa Econômica Federal operado por Lúcio Funaro para beneficiar políticos, entre eles o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ).

O empresário Henrique Constantino relata em livro sua trajetória | Foto: Karime Xavier

“Henrique, onde estão as armas? 
E os documentos?
 Mostra o dinheiro!
 Me dê todos os celulares, rápido”, eram ordens de agentes exaltados e com metralhadoras em punho.

“Fiquem tranquilos, não tenho a menor intenção de atrapalhar o trabalho de vocês. Só não precisam me tratar dessa forma. Não sou um bandido”, respondeu o empresário.

O relato abre o livro “Desejo de Gol” (ed. Citadel, 256 págs., R$ 44,90), lançando neste mês. Em 31 capítulos, o empresário de 49 anos narra a trajetória meteórica, ao lado dos irmãos, para fazer da Gol uma das maiores empresas de aviação do país e os “gols contra” que o afastaram do dia a dia dos negócios.

E também dá a sua versão sobre histórias rocambolescas, como a do falsário que usou seu nome e enganou famosos em episódios que inspiraram o filme “Vips”, estrelado por Wagner Moura. Fala também de tragédias, como o acidente do voo 1907, e sobre o jogo pesado empresarial e político (“num papel infelizmente nada edificante”).

O golpista Marcelo Nascimento da Rocha se passou por Henrique em entrevista a Amauri Jr.

Henrique foi protagonista de processo de delação premiada, homologada em maio de 2019. “Não gosto da palavra delator. Prefiro colaborador”, diz o “pentito” psicanalizado. Ele diz ter encontrado na terapia estímulo para uma escrita curativa. Numa sessão com o psicanalista Jorge Forbes, uma das maiores autoridades em Jacques Lacan no país, surgiu a ideia do livro.

Conceder a entrevista a seguir, segundo Henrique, faz parte desse processo terapêutico, para expiar culpas e seguir em frente, após pagar R$ 70 milhões em um acordo de leniência que o livrou de condenação.

Ele recebeu a Folha no escritório na Vila Olímpia, onde trabalha na própria defesa. Expoente do setor de transporte, inicia a conversa contando que vai trabalhar de bicicleta ou a pé, antes de discorrer sobre psicanálise, corrupção, sucesso, fracasso e recomeço.

Cena do filme “Vips”, em Wagner Moura representa Marcelo Nascimento da Rocha

CORRUPÇÃO SISTÊMICA
O objetivo do livro é dizer: não cometam os erros que cometi, não aceitem as coisas da forma que elas estão sendo concebidas, vamos mudar para termos um país melhor.

A corrupção é um câncer a ser combatido cotidianamente. Esse não é o meu modo de pensar e de agir no dia a dia. Caí em tentação, influenciado por pessoas com frases: “O Brasil não é a Suíça”, “Todo mundo faz”. Você fica meio contaminado. Será que estou fora do jogo? Acabei marcando um gol contra mim mesmo.

Nesse caso do financiamento [liberação de empréstimo de R$ 300 milhões na Caixa para obra em rodovia], em nenhum momento teve vantagem pessoal ou competitiva setorial, desvio de preço ou superfaturamento.

Era uma comissão [pagou R$ 4,5 milhões para o operador do esquema, Lúcio Funaro, que distribuía a propina] para não barrar. Fica engavetado até pagar. Depois, houve outros processos que acabei me envolvendo. É uma teia.

Lúcio Bolonha Funaro depõe durante CPI das ONGs no Senado Federal | Foto: Lula Marque

O ESCÂNDALO
Quando aconteceu de o esquema ser descoberto, chamei minha família: “Fiz um movimento errado”. Pedi desculpa. Todos me apoiaram.

Para não prejudicar os negócios, renunciei ao cargo de conselheiro das empresas. É aquela coisa: deixa eu saí, colaborar com as investigações, para ninguém me acusar de manipulação ou de esconder provas.

Você pensa em ajudar a companhia a tirar o foco do caso, do seu erro. Vai fazer cinco anos. Continuei participando das reuniões de acionistas, sempre no sentido de contribuir para superar tudo isso. Ajudei muito meus irmãos.

 

TRUCULÊNCIA POLICIAL
Os policiais chegaram de forma agressiva. Até entendo a posição de um agente numa hora dessa, mas o destempero poderia ser melhor controlado. Como melhorar a força policial nesse aspecto? Isso tem que ser debatido.

Havia o desejo de punibilidade e de achar provas com envolvidos em escândalos, mas não é a melhor forma espetacularizar esses eventos. Foi doloroso e até hoje pago por isso.

Henrique Constantino foi alvo da Operação Sépsis da PF

PROCESSO DE DELAÇÃO
Você está confessando, colaborando com a Justiça e mostrando todos os maus exemplos e gols contra que fez na vida e até então ninguém sabia. É ruim por esse lado, mas é bom falar a verdade com o objetivo de esclarecer tudo e dar uma retomada na vida.

Não pode faltar nenhum detalhe. Vai ter gente te contradizendo, rebatendo. O que fiz nesses últimos quatro anos foi me preparar. Os procuradores não estão ali para serem seus amigos, mas para te colocar na parede, ver se cai em contradição. É o dever deles.

Só posso falar abertamente daqueles processos que já são públicos. O único até agora é esse que envolve a concessão de rodovias. Os demais estão em sigilo, em investigação.

A leniência da Gol é assunto da Gol, da pessoa jurídica. Eu fiz a colaboração na pessoa física. O acordo já foi homologado e pago [R$ 70 milhões].

Henrique Constantino é cofundador da Gol Linhas Aéreas Inteligentes (GOL),

POLÍTICOS
A gente sempre conviveu amistosamente, conhecia todo mundo até porque somos concessionários de serviço público, delegado pelo Estado. Seja federal, estadual ou municipal. Temos relacionamento obrigatório com essas pessoas que são o poder concedente para nossa operação.

Prestamos serviço para a população e brinco que, por acaso, ela troca de diretor ou gerente a cada quatro ou oito anos. Novo administrador sempre entra com dúvida do que o outro fez. É normal nos primeiros meses de governo ficar naquela: deixa eu ver o que foi assinado e feito. Não necessariamente de forma obscura ou errada. Isso aconteceu com governo do PT, do PSDB e deve ter acontecido no governo Bolsonaro.

O Governo Dilma foi o mais complicado. Chegaram com intenção de mudar as regras do aeroporto de Congonhas, de tirar nossos slots [horários de chegada e partida] para oferecer a um novo entrante, no caso a Azul.

Depois, perceberam que não era o modelo correto. Uma coisa é ampliar a competição e aumentar a oferta, outra é reduzir de alguém para entrada de concorrente. As discussões eram quentes e beiravam a irracionalidade. Não posso dizer que havia interesse estranho, mas as convicções não batiam com as nossas.

Governo Dilma quis mudar as regras do aeroporto de Congonhas.

FALSO DONO DA GOL
Em 2018, eu e a minha mulher, Vanessa, fomos ao Chile. Quando fui devolver o carro alugado, o funcionário perguntou meu nome. “Henrique Constantino, como en la pelicula?”, quis saber.

O fato aconteceu em 2001 e até hoje comentam. Ele [Marcelo Nascimento, condenado por estelionato] era tão envolvente na conversa que Maria Paula, do “Casseta & Planeta”, minha amiga de escola em Brasília, dizia: “Não é o Henrique”. Ninguém acreditou nela.

É uma das poucas coisas que não podem competir comigo. Não existe ninguém que tem um clone mais famoso do que si mesmo. Conhecem mais o Marcelo do que o Henrique.

 

CONDENAÇÃO DO PAI
Ele tem os problemas pessoais dele e está se defendendo [Nenê Constantino foi condenado a 21 anos de prisão como mandante do assassinato de um líder comunitário no DF]. Não cabe a mim relatar aqui.

É algo que falei para os meus filhos no meu caso. “Obrigado pelo apoio de vocês, mas não deixem que que os erros do seu pai possam contaminar vocês.” Filhos não podem pagar pelos erros dos pais.

Foi extremamente doloroso conversar com meu pai sobre a saída dele do conselho. Mas o momento exigia aquela atitude, como exigiu no meu caso.

Meu pai é o exemplo de como se deve trabalhar, de como tem que ser a vida. Era caminhoneiro e começou tudo na garra e na coragem. Isso nos credenciou a ser ainda mais ambiciosos do que ele.

Teve a inteligência de enxergar que como somos sete filhos, o melhor era dividir as empresas entre nós para darmos sequência ao trabalho que começou.

Ele achava que tínhamos de investir em outros modais de transporte. E a aviação era um mercado que em 2000 tinha muito que evoluir.

Fundador da Gol, Nenê Constantino foi condenado a 13 anos de prisão por homicídio

 

PRECONCEITOS
Quanto mais éramos menosprezados pelos demais empresários mais a gente tinha vontade de trabalhar. Quanto mais olhavam de rabo de olho para nós, os mineiros, mais ficávamos animados para vencer. É um grande erro não tratar seu concorrente com honradez e cuidado.

Ninguém começou a Gol em 2000 achando que em 2004 ia estar na Bolsa de Nova York. Mas também não achávamos que íamos ser o patinho feio da turma. Sempre trabalhamos com afinco e da forma mais saudável e eficiente possível para ser a maior e a melhor, ao embarcamos nessa grande aventura de popularizar o transporte aéreo no Brasil.

 

O ACIDENTE DO VOO 1907
Foi o período mais difícil nesses 20 anos da companhia. Estávamos na metade do sexto ano de nossa operação.

No livro, foi o capítulo que mais demorei. Devo ter reescrito umas dez vezes. A dor das famílias é um dano que você não consegue mensurar: 154 vidas. Como responsável pelo jurídico da companhia e advogado, participei de todos os casos de indenização. Como o acidente foi dentro de uma reserva indígena, indenizamos também todos os povos daquela região para reparar os danos espirituais que tiveram naquela situação.

Boing do vôo 1907, da Gol, que bateu em um jato legacy em 29/09/2006 | Foto: Sebastião Moreira

RECOMEÇO
Meu negócio é transportar pessoas. Seja qual for o modal. Aéreo, terrestre, ferroviário ou marítimo. Já contribuí com a Justiça, respondi aos questionamentos em todas as empresas. Hoje me sinto pronto para voltar, seja como executivo seja no conselho. E como atacante. Bem mais amadurecido e forte do que antes. Assumi erros, paguei por isso e voltar a ter voz mais ativa e participativa nos negócios é tudo o que mais quero.

 

BRASIL PÓS-LAVA JATO
Se alguém fizer a mesma proposta [pagar propina], não vá pelo caminho mais fácil. Não siga o meu exemplo ruim. O que posso dizer é: Não aceite.

Estou fora [do jogo] e ninguém mais tem coragem de me propor. Não posso dizer se o esquema está igual, mas tenho esperança de que, se não mudou, vai mudar. Vislumbro uma cultura mais forte em prol de fazer a coisa certa. De fazer aquilo que pode beneficiar de fato a população. Pode parecer piegas, mas meu desejo é uma sociedade melhor, mais justa e ética.​​

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Ricardo Antunes

Ricardo Antunes

Ricardo Antunes é jornalista, repórter investigativo e editor do Blog do Ricardo Antunes. Tem pós-graduação em Jornalismo político pela UnB (Universidade de Brasília) e na Georgetown University (EUA). Passou pelos principais jornais e revistas do eixo Recife – São Paulo – Brasília e fez consultoria de comunicação para diversas empresas públicas e privadas.

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