Por Ricardo Novelino — Depois de uma tempestade, vem a bonança, diria um velho ditado popular. Isso até pode acontecer. No entanto, contrariando essa antiga frase, o que surge normalmente após os temporais são os decretos de emergência. Em Pernambuco, tem sido assim. A cada tragédia, chegam enxurradas de promessas e de recursos urgentes parda “reconstrução” e planos que garantem que “no ano quem vem, aquilo não vai acontecer de novo’”. E aí que mora o perigo. Misturar ações “mirabolantes”, com dispensa de licitação, aproveitando o clamor popular, é uma receita que já desandou no passado bem recente. E isso deixa um alerta para os atuais governantes. Drama e decreto de situação de emergência andam juntos, mas podem dar uma enorme dor de cabeça.
Após os temporais da semana passada, a Zona da Mata Sul foi alvo de um decreto de situação de emergência do governo de Raquel Lyra. São 12 cidades na área, que não suporta mais tanta tragédia e mais promessas de que tido vai melhorar. Quase três mil pessoas ficaram sem cada ou tiveram que deixar as residências provisoriamente. Sem contar com os duros golpes na produção econômica e no comércio.
Durante a gestão do PSB, que durou 16 anos, ficou uma mancha difícil de tirar: a Operação Torrentes e tudo o que veio com ela. Diante de desvios milionários do dinheiro que deve ria ter sido usado para ajudar os flagelados na cheia de 2010, A Polícia Federal pegou a cúpula da Secretaria da Casa Militar do governo de Pernambuco e empresários. Em várias etapas de investigação, indiciamentos e denúncias, foram dezenas de condenações pela Justiça Federal. Em um dos episódios, os PMs envolvidos forjaram licitações na comprar de colchões e até de bebedouros para favorecer a certas empresas “parceiras”, que apresentavam propostas fictícias.
Também na gestão do PSB, a tragédia da Mata Sul, há 13 anos, deixou uma promessa, até hoje não cumprida. A construção das esperadas cinco barragens de contenção para evitar o acúmulo de água nos rios da região. Uma foi entregue, duas estão sendo feitas até hoje e outras não deram nem sinal.
Com a situação de emergência, como a que foi decretada pelo governo de Raquel, ficariam facilitados os processos de captação de recursos federais e realização de obras rápidas, sem as concorrências ou pregões. Mas tem o outro lado da moeda. Faltando pouco mais de um ao para a sucessão municipal, é necessário ficar mais a tento ainda para as ações de reconstrução das cidades. Mais uma missão para os órgãos de controle estadual e federal e para o tribunal de contas. Quem sabe, desta vez, não se muda o rumo da história.
Veja cidades em decreto de emergência
- São Benedito do Sul;
- Belém de Maria;
- Água Preta;
- Catende;
- Quipapá;
- Xexéu;
- Barreiros;
- Joaquim Nabuco;
- Cortês;
- Jaqueira;
- Rio Formoso;
- Maraial.









