EXCLUSIVO, Por Luiz Roberto Marinho – A Arquidiocese de Olinda e Recife instalou uma comissão de governança na Santa Casa de Misericórdia, o que significa, na prática, o esvaziamento do poder e das atribuições do superintendente, mantido no cargo, padre Claudionor Alves de Lima, cuja gestão é acusada de irregularidades num dossiê de 68 páginas.
Integrada por três religiosos, a comissão de governança é chefiada pelo arcebispo auxiliar da Arquidiocese, Dom Nereudo Freire Henrique. Pernambucano de Arcoverde, no Sertão, 58 anos, empossado bispo auxiliar em fevereiro último quando exercia funções na Paraíba, o chefe da comissão é um especialista.
Dom Nereudo tem MBA em gestão empresarial e de pessoas, há 11 anos é ecônomo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e, desde 2023, membro do Comitê Gestor da entidade. Atua também no economato da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil) e publicou livros na área de gestão eclesial e administração paroquial.
O ecônomo é o profissional responsável pela gestão e, em consequência, pelos recursos financeiros de uma instituição. Na Igreja Católica, suas funções incluem a gestão dos recursos, o acompanhamento das finanças das paróquias, a administração de imóveis e a supervisão de obras e reformas, garantindo a sustentabilidade das atividades pastorais.
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Como tem divulgado o Blog, o dossiê de 68 páginas, que chegou a ser enviado à Nunciatura Apostólica, a embaixada do Vaticano no Brasil, diz que o padre Claudionor Alves de Lima, que assumiu a superintendência da Santa Casa em janeiro de 2024, usou o cartão de crédito corporativo de R$ 60 mil para despesas pessoais.
Segundo o dossiê, utilizou também material e funcionários pagos pela Santa Casa para construção de um imóvel em um terreno de sua propriedade em Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife, e é ainda acusado de promover assédio sexual de outros padres sobre os servidores da instituição. Em duas notas oficiais, a Santa Casa negou enfaticamente as supostas irregularidades, afirmando serem “levianas”, “totalmente infundadas” e não condizentes “com a verdade dos fatos”.
O dossiê foi elaborado pelo ex-funcionário Alan Eric de Sousa, pedagogo e músico, que acabou demitido, foi proibido de continuar tocando em missas no Recife e responde a processo judicial por calúnia e difamação movido pelo superintendente da Santa Casa e por um ex-funcionário. Dois outros funcionários, incluindo um ex-namorado de Alan Eric, também foram demitidos.
Com 166 anos, a Santa Casa de Misericórdia do Recife é uma organização civil, sem fins lucrativos, que mantém quatro instituições: Hospital Santo Amaro (HSA), Instituto de Cegos Antônio Pessoa de Queiroz (IAPQ), Centro Geriátrico Padre Venâncio e Educandário São Joaquim. O HSA, no bairro de Santo Amaro, na área central, atende pelo SUS 450 mil pacientes anualmente.
OUTRO LADO
Enviamos perguntas à Santa Casa sobre a comissão de governança e até agora não obtivemos retorno. O espaço está aberto a manifestações e a reportagem pode ser atualizada a qualquer momento.









