Por Ricardo Antunes — Inspirados na extrema-direita americana, bolsonaristas replicaram à perfeição a estratégia que aprenderam com Donald Trump: primeiro, investiram na polêmica do voto impresso para jogar dúvida sobre o sistema eleitoral, e depois realizaram diversos ataques às instituições para radicalizar sua base de apoio e turbinar as manifestações. Deu certo! Engajados, apoiadores do presidente prometem lotar as ruas no Dia da Independência.
O temor da opinião pública é que a invasão do Capitólio dos Estados Unidos no dia 6 de janeiro, também tente ser replicada, e quanto mais apoio popular, mais fácil será para Bolsonaro “esticar a corda”. Mesmo os partidos do centrão, que dão apoio ao governo, temem que o ato gere agressões, tumulto ou depredação de instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, e já avisaram que podem “desembarcar” do Governo se isso ocorrer.
Os ministros do Supremo também já começaram a agir, alertando aos presidentes da Câmara e do Senado que se o Executivo continuar com ataques ao tribunal, acordos importantes para o Governo podem ser paralisados. A busca por uma solução para reduzir o rombo de R$ 89 bilhões das dívidas judiciais, por exemplo, iria por “água à baixo”, e impediria a realização do novo Bolsa Família, que tem grande apelo eleitoral.
Os acontecimentos desta semana serão sem dúvida importantes para o futuro da democracia. Mas eles prometem ser ainda mais decisivos para o futuro da nova extrema direita brasileira. Se as manifestações forem fracas, isso pode aumentar a crise política, se colocarem muitas pessoas na rua, darão sobrevida ao governo.
CONVOCAÇÃO
Um dia depois de defender que ministros do STF sejam “enquadrados” e falar em “ruptura”, o presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para convocar a militância para os atos do 7 de Setembro. “A população brasileira tem o direito, caso queira, de ir às ruas e participar dessa nossa data magna em paz e harmonia”, escreveu.

DO CONTRA
Há, no entanto, quem desconfie dos intuitos pacíficos do ato. A Frente Parlamentar Mista em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, por exemplo, publicou uma nota em que afirma repudiar “atos desse tipo”, por causa de suposta “ilegalidade de suas pretensões”.
OPOSIÇÃO
A oposição também desconfia, e pretende responder com atos mais à esquerda no mesmo 7 de Setembro, e de centro, no dia 12.
DESCRENTE
Falando em oposição e em descrença, Lula revelou a aliados o que não acredita: que o ex-ministro de Dilma Rousseff, Gilberto Kassab (PSD), investirá realmente na candidatura do senador mineiro, Rodrigo Pacheco (DEM) à Presidência da República. Kassab garante que lançará o parlamentar para uma candidatura de terceira via.
CONCORDÂNCIA
Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cancelar o jogo entre Brasil e Argentina, por causa do desrespeito a regras sanitárias, o Ministério da Saúde afirmou em nota divulgada na noite deste domingo que apoia a decisão.

SURPRESA
Já a CBF se disse “absolutamente surpresa” com a interrupção da partida. Chegou-se a noticiar que o presidente interino da entidade, Ednaldo Rodrigues, tenha interferido junto a autoridades brasileiras para a entrada dos jogadores argentinos no Brasil. A CBF, no entanto, nega.
PÚBLICO
Sem Neymar e Messi em campo, a Globo teve que improvisar e exibir o filme “Círculo de Fogo” como sala de espera para a estreia do “Domingão com Huck”. Para o azar do sucessor de Fausto Silva, o enlatado não conseguiu segurar os índices do jogo –– ou do que deveria ser um jogo.
EM ABERTO
O embate da semana passada entre a Caixa e o comando da Febraban não teve ainda o seu ponto final.

AMEAÇA
Pedro Guimarães, o presidente da Caixa, que ameaçou desligar o banco da entidade, acabou recuando, mas tem hoje Isaac Sidney, o comandante da Febraban, na alça de mira.
ARTES
Fernanda Montenegro está praticamente eleita para a cadeira de número 17 da Academia Brasileira de Letras. O encerramento da inscrição para concorrer à sucessão do diplomata Affonso Arinos de Mello Franco ocorreu no último 3 de setembro e nenhum candidato de peso apareceu para disputar a vaga com a atriz.
CULTURA
Fernanda Montenegro escreveu um livro de memórias, mas o requisito para entrar na Academia é também relevância cultural, independentemente do número de obras publicadas.
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