A informação de que a licitação deu deserta foi publicada no Diário Oficial do Estado desta terça-feira (15/9). A concorrência pública previa a contratação de consultoria de engenharia para realização de estudos técnicos, projeto de canteiro, plano de execução e orçamento, elaboração do projeto de sinalização para os quatro trechos que deverão ser alargados na Cruz Cabugá, no trecho entre o Shopping Tacaruna e a Rua do Riachuelo. Por ele, passa o Ramal Centro do BRT Norte-Sul.

O trecho em questão, inclusive, é o maior gargalo do corredor. Para se ter ideia do prejuízo que a ausência do corredor segregado provoca no BRT Norte-Sul basta ver os números da operação (antes da pandemia de covid-19): os veículos perdem quase 30 minutos da viagem que leva, em média, 1h20 entre Igarassu e o Centro do Recife nos horários de pico da manhã e da noite. Os BRTs saem do TI Igarassu, por exemplo, desenvolvendo 30 km/h. Na Cruz Cabugá, a velocidade cai para 5/6 km/h.
O custo da consultoria, segundo o edital do Estado, seria de R$ 291 mil. Além do BRT, a Avenida Cruz Cabugá recebe um grande volume de veículos particulares por representar o principal acesso da região Norte do Grande Recife (municípios de Olinda e Paulista, por exemplo) ao Centro da capital.

Soluções para o corredor vêm sendo discutidas e tentadas há muitos anos, sem sucesso. Inicialmente, a proposta foi alargar toda a via a partir da retirada da Vila Naval, conjunto de residências da Marinha do Brasil existente na margem leste da Cabugá. Mas a Prefeitura do Recife, o governo de Pernambuco e a Marinha nunca chegaram a um acordo. A proposta dos militares sempre foi a troca por outras moradias para os servidores, na mesma região.
Depois de muitas idas e vindas, a solução agora é o alargamento em trechos, com a criação de “baias” para abrir espaço para a circulação prioritária dos BRTs e a ultrapassagem entre eles.

CONHEÇA O PROJETO
A proposta de alargar trechos da Cruz Cabugá é uma chance de melhorar a velocidade de operação do corredor, que até hoje não é segregado na via, obrigando os BRTs a disputarem espaço com os carros. Algo injusto para os coletivos que transportam 85 mil pessoas/dia. Seria uma pequena intervenção que permitiria a segregação física do corredor, deixando a circulação dos BRTs livre, sem a interferência dos veículos particulares, como acontece até hoje.
A intervenção não é faraônica, ao contrário. Resume-se a um recuo das calçadas num trecho de 200 metros na pista oeste da Avenida Cruz Cabugá, entre a Rua dos Palmares (continuação da Avenida Mário Melo) e a Avenida da Saudade (uma rua ao lado da Assembleia de Deus). O custo estimado era de R$ 500 mil (incluindo projetos e obras).

Em agosto de 2019, quando a proposta foi apresentada pelo governo do Estado, a previsão era de que as obras fossem concluídas até o fim do primeiro semestre de 2020. Mas deu tudo errado com a pandemia e, agora, com a falta de interesse pelo projeto.
NOVA LICITAÇÃO
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco (Seduh) informou que o edital de licitação para o projeto da Avenida Cruz Cabugá será relançado na próxima semana.
