Por Ricardo Antunes – Alçado à chefia da Procuradoria Geral do Município do Recife em janeiro de 2025, na reeleição de João Campos (PSB), quando já atuava na Procuradoria, o advogado Pedro Pontes corre o risco de ser defenestrado depois da lambança que fez ao levar o chefe a desgaste, com repercussão nacional, “furando” a fila do concurso para a Procuradoria.
Chegou ao comando da Procuradoria por indicação de Carlos Neves, que era advogado do PSB e foi outro personagem ligado ao partido premiado como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Neves continua tão influente na legenda que sua mulher, a publicitária Milu Megale, é secretária de Cultura da Prefeitura do Recife.
O blog apurou haver movimentação na base do PSB pedindo a cabeça de Pedro Pontes, que agiu contra seus próprios subordinados ao alterar regras do concurso para possibilitar a nomeação do candidato Lucas Vieira Silva, numa clara manobra política e de favorecimento.
Lucas é filho da procuradora de contas do Ministério Público de Contas, órgão do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), Maria Nilda Silva. Refeito o ato nesta quarta-feira (31), Lucas Vieira da Silva foi “desnomeado” para dar lugar ao advogado Marko Venício dos Santos Batista, único candidato PCD (Pessoa com Deficiência) classificado na primeira homologação.

Não se sabe ainda se Pedro Pontes fez a manobra por conta própria e combinou com João Campos ou se alterou as regras a mando do prefeito – qualquer que seja a origem do malfeito, há sempre um boi a ser jogado às piranhas. Pessoas com trânsito na administração da prefeitura dizem estranhar a ingenuidade do “furo” nas nomeações, argumentando que o ato original assinado por Campos seria praticamente impossível passar desapercebido.
Bastante ligado ao conselheiro do TCE Carlos Neves, acabou tão próximo do prefeito que compartilha corridas e caminhadas com Campos. É formado em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com parte da formação realizada na Universidade de Lisboa. Atuou 10 anos na advocacia, foi coordenador jurídico do Porto de Suape e superintendente e chefe de Controle Interno da Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab).
Pedro Pontes tornou possível a nomeação de Lucas Vieira Silva, que ocupava a 63ª posição na homologação do concurso, mas acabou procurador, ao menos por quatro dias, por laudo de Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentado quase três anos após o concurso, aceito pelo procurador-geral. Tomou – e acabou perdendo nesta quarta-feira – a vaga destinada a Marko Venício, que tem desde a infância miopatia congênita, deficiência motora que causa fraqueza nos músculos.
Uma trapalhada que pegou muito mal e certamente será usada pela equipe da governadora Raquel Lyra que vai tentar a reeleição justamente contra a candidatura de João Campos que deixa a Prefeitura do Recife em abril próximo.








