Com informações do O Globo
SÃO PAULO — A tentativa de dar tratamento diferenciado para algumas categorias de servidores públicos na votação da reforma da Previdência pode prejudicar o principal objetivo do governo: reduzir as despesas com aposentadorias.
A avaliação é do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM_RJ), que participou no início da noite desta sexta-feira de um evento com investidores na capital paulista.
Segundo o parlamentar, a tentativa de alivar as regras de aposentadoria para policiais federais — medida defendida pelo próprio presidente Jair Bolsonaro — gera uma sinalização ruim e abre espaço para um efeito dominó entre outras categorias de servidores que poderão buscar apoio para receber as mesmas benesses.
— O presidente quer construir uma solução para as polícias. Mas lavar as mãos e tirar as polícias não é uma posição que devemos defender. O sacrifício de todos nós vai garantir o equilíbrio atuarial do sistema — afirmou o deputado, em entrevista coletiva à imprensa.
Bom senso
Em seguida, ao participar de um debate para uma plateia de investidores, Maia voltou a cobrar maior apoio de Bolsonaro para a aprovação da reforma previdenciária.
— Ele (Bolsonaro) sempre representou os policiais. A gente sabe que o presidente era contra a reforma. Ele já deu o primeiro passo. Agora precisa dar o segundo passo. Ele é presidente de todos os brasileiros e não apenas dos policiais federais. Se os brasileiros mais simples podem contribuir, a PF pode contribuir. Vamos ter bom senso — alfinetou o deputado.
— O esforço de todos, incluindo os próprios servidores da polícia, deve ser a construção de uma solução que seja igual aos outros dois modelos, para que não pareça que alguém tenha uma transição melhor do que o outro. Isso pode gerar uma sinalização ruim para a sociedade, mas pode ser pior, pode gerar um efeito dominó, onde se cai a primeira peça podem cair todas ao longo das votações.
Maia também demonstrou desconfiança na possibilidade de voltar a incluir os estados e municípios dentro da nova sistemática de concessão de aposentadorias durante a discussão da proposta no plenário da Câmara.
Para o deputado, essa tentativa poderia inviabilizar a proposta como um todo e levar a perda de até 60 votos no plenário da Câmara. Maia estima que já existem os 308 votos necessários, o equivalente a 3/5 da Casa, para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição. Pelas contas do parlamentar, o texto a ser aprovado no plenário deve gerar uma economia de R$ 950 bilhões em dez anos.
— Enquanto todos os governadores não se manifestarem junto com os deputados fica difícil. Hoje o governador de Pernambuco falou que a reforma não é tão importante. Eu tentei (incluir os estados nas novas regras) durante os últimos dias, mas não sou otimista — disse Maia, acrescentando que as assembleias legislativas terão que aprovar reformas em cada estado.
Reforma dos impostos
Maia também defendeu a reforma tributária. O texto deve ser instalado numa comissão especial da Câmara na semana que vem. A proposta até agora é do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), mas caso o governo também envie um texto deve ser juntado para discussão dos parlamentares.
Já a reforma da Previdência para os militares deve ser feita por meio de projeto de lei numa comissão especial criada em agosto.







