da Redação,
O site O Antagonista já dá como certa a demissão do secretário de cultura de Jair Bolsonaro, Roberto Alvim:
“Jair Bolsonaro está reunido agora com ministros no Palácio do Planalto para comunicar sua decisão sobre a demissão de Roberto Alvim. Líderes do Congresso também já foram comunicados sobre a exoneração do secretário, que parafraseou Joseph Goebbels em vídeo.”, diz o Site.
Em reportagem de O Globo, as jornalistas Renata Mariz, Paula Ferreira e Natália Portinari detalham a história:
Entenda:
DE O GLOBO – Após copiar frases de um discurso nazista, o secretário especial da Cultura Roberto Alvim foi convocado nesta sexta-feira para conversar com o presidente da República, Jair Bolsonaro. Eles já haviam falado por telefone pela manhã, às 7h30. Alvim deixou a pasta por volta das 11h.
Na noite de quinta-feira, Alvim divulgou um vídeo parafraseando uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels. O pronunciamento foi divulgado para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, projeto no valor total de mais de R$ 20 milhões.
A trilha sonora do vídeo também foi apontada como uma referência ao nazismo. É uma ópera do compositor Wagner, Lohengrin, que Hitler cita em sua autobiografia. A escolha da ópera foi do próprio Alvim e, segundo ele, é uma peça de arte de grande valor. Tem relação com a conversão de Wagner ao cristianismo.
Em entrevista a meios de comunicação na manhã desta sexta-feira, Roberto Alvim negou conhecimento da frase de Goebbels, mas disse que concorda com ela. O discurso teria sido escrito em um “brainstorming”, segundo ele. A finalização do texto foi dele, no entanto.
O secretário desmarcou uma entrevista com o GLOBO para ir encontrar o presidente no Palácio do Planalto. Após mais de uma hora de atraso, o secretário, atendendo ligações sucessivas no telefone, pediu mais cinco minutos antes de começar a entrevista.
— Desculpa, estou suando, não tem ar condicionado aqui.
Segundo interlocutores de Alvim, a reação da comunidade judaica pesa na pressão para que ele seja demitido, uma vez que Israel é um parceiro comercial importante do governo.
Em uma publicação no Twitter, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pediu o afastamento de Alvim do cargo. No texto, Maia diz que o secretário passou de todos os limites e classificou o discurso como “inaceitável”. Segundo ele, o governo Bolsonaro deveria afastá-lo urgentemente.
Segundo o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich, o líder nazista afirmou: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”
No vídeo divulgado pela Secretaria Especial de Cultura, Alvim afirma: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, discursou Alvim no vídeo postado nas redes.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) divulgou nota em que diz considerar “inaceitável o uso de discurso nazista” por Alvim. “Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida. Goebbels foi um dos principais líderes do regime nazista, que empregou a propaganda e a cultura para deturpar corações e mentes dos alemães e dos aliados nazistas a ponto de cometerem o Holocausto, o extermínio de 6 milhões de judeus na Europa, entre tantas outras vítimas”, diz a nota.