Do UOL — O presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento para a Polícia Federal na noite de quarta-feira (3), em Brasília, no âmbito do inquérito que apura se ele interferiu indevidamente no órgão. O presidente negou qualquer ingerência na PF, mas confirmou que em meados de 2019 solicitou ao ex-ministro Sérgio Moro a troca do diretor Geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, “em razão da falta de interlocução que havia entre o Presidente da República e o Diretor da Polícia Federal”.
Segundo Bolsonaro, não havia qualquer insatisfação ou falta de confiança com o trabalho realizado por Valeixo, apenas “uma falia de interlocução”.
Bolsonaro confirmou também que sugeriu a Moro a nomeação de Alexandre Ramagem para o cargo. Segundo o presidente, a escolha seria “em razão da sua competência e confiança construída ao longo do trabalho de segurança pessoal do declarante durante a campanha eleitoral de 2018”.

À PF, Bolsonaro disse que Moro teria concordado com indicação de Ramagem “desde que ocorresse após a indicação do ex-ministro da Justiça à vaga no Supremo Tribunal Federal”.
Bolsonaro disse ainda que nunca teve como intenção, com a alteração da Direção Geral da PF, obter informações privilegiadas de investigações sigilosas ou de interferir no trabalho de Polícia Judiciária ou obtenção diretamente de relatórios produzidos pela Polícia Federal.
Questionado pelo delegado Leopoldo Soares Lacerda o que quis dizer quando afirmou que tinha uma “PF que não me dá informações”, durante a reunião ministerial que Moro usou para acusá-lo de interferência, Bolsonaro declarou que “quis dizer que não obtinha informações de forma ágil e eficiente dos órgãos do Poder Executivo, assim como da própria Polícia Federal e que quando disse “informações” se referia a relatórios de inteligência sobre fatos que necessitava para a tomada de decisões e nunca informações sigilosas sobre investigações.

Depoimento presencial
No mês passado, Bolsonaro mudou sua estratégia e pediu para prestar o depoimento de forma presencial.
O depoimento do presidente foi uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo do STF.
Motivada por denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, a investigação acontece desde abril do ano passado e já foi prorrogada várias vezes, a última em julho deste ano.
Este é um dos quatro inquéritos que correm contra Bolsonaro no Supremo.