Por Bruno Rosa, Jussara Soares e Eliane Oliveira de O Globo
O presidente Jair Bolsonaro recebeu ontem o CEO da Huawei Brasil , Wei Yao. A companhia chinesa, no epicentro da guerra comercial entre Washington e Pequim, fez uma apresentação sobre seu interesse em participar da construção da rede da quinta geração de internet móvel , o 5G, no país. Segundo fontes, a companhia ressaltou que pode acelerar a construção da rede de 5G no Brasil com acordos de financiamento a teles brasileiras para aquisição de tecnologia e equipamentos.
— Ele apenas mostrou que quer o 5G no Brasil. Não mostrou a proposta, ele mostrou apenas como está a empresa dele no Brasil — disse o presidente, que negou que o tema do leilão de 5G tenha sido discutido: — Leilão eu não ouvi na reunião. Se falou, eu estava desatento.
Bolsonaro afirmou que a decisão sobre o leilão será feita com base nas melhores ofertas e na conectividade:
— Estou sabendo que tem uma firma sul-coreana também está em condições de operar 5G. A melhor oferta, né? A gente vai levar para o lado do quê? Oferta e conectividade. É isso aí.
Segundo fontes a par das discussões, a Huawei pediu ao governo que as empresas de telecomunicações no Brasil sejam livres para escolher seus fornecedores de rede quando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) marcar o leilão de 5G, o que deve ocorrer no segundo semestre de 2020. Do lado dos chineses, a avaliação é que o governo já indicou, ainda que de forma informal, que não deve interferir. A aproximação começou com a visita do vice-presidente, Hamilton Mourão, à China em maio.
— O presidente Jair Bolsonaro também esteve na China recentemente. Depois o presidente chinês esteve em Brasília e muitos temas foram debatidos, como os investimentos das estatais chinesas em infraestrutura no Brasil, como no setor de petróleo, energia elétrica e telecomunicações. A mensagem que a companhia passou é que o mercado deve definir sozinho seus fornecedores para o 5G e mostrou que pode trabalhar em conjunto com bancos estatais da China para conseguir financiamentos para as teles para a compra de equipamentos e tecnologia — disse a fonte, destacando que a companhia voltou a apresentar seu plano de investimento de US$ 800 milhões no estado de São Paulo, que inclui a construção de uma nova fábrica no país.
Hoje, a Huawei é fornecedora das principais teles no país, como Oi, Vivo, TIM e Claro. Além disso, a chinesa é uma das principais empresas que fornecem infraestrutura para os pequenos provedores de internet no Brasil.
Há 20 anos no Brasil, a Huawei não participa diretamente dos leilões de frequência. Seu objetivo é atuar como fornecedora de rede para as teles que vencerem a disputa. O governo brasileiro adota atitude cautelosa ao falar sobre a companhia, pois ela é acusada de espionagem, a mando de Pequim, pelos Estados Unidos. Diante das restrições impostas pelo governo de Donald Trump, a companhia lançou na semana passada um novo smartphone dobrável sem o sistema operacional do Google.
A audiência dos dirigentes da Huawei com Bolsonaro e parte de sua equipe, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ocorreu poucos dias depois da reunião de cúpula dos líderes do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
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O presidente Jair Bolsonaro negou, nesta segunda-feira, que o leilão nacional para a exploração da faixa de frequência 5G tenha sido tema de conversa durante o encontro com o CEO da Huawei Brasil , Wei Yao. Na reunião ocorrida pela manhã no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou apenas ter ouvido a apresentação da empresa chinesa que tem interesse de participar da construção da rede da quinta geração de internet móvel , o 5G.
— Ele apenas mostrou que quer o 5G no Brasil. Não mostrou a proposta, ele mostrou apenas como está a empresa dele no Brasil — disse o presidente.
Uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo, a Huawei já sinalizou que está interessada no certame. Ela teria de ser contratada como fornecedora de tecnologia 5G por uma das operadoras de que vão disputar o leilão.
— Leilão eu não na ouvi na reunião, se falou eu estava desatento — respondeu o presidente, quando questionado sobre a concorrência.
Em outro momento, Bolsonaro afirmou que a decisão do leilão será decidida pelas melhores ofertas e conectividade.
— Estou sabendo que tem uma firma sul-coreana também está em condições de operar 5G. A melhor oferta, né? A gente vai levar para o lado do quê? Oferta e conectividade. É isso aí — disse.
O governo brasileiro tem mantido cautela ao falar sobre a fabricante chinesa. Isto porque a Huawei é acusada de espionagem, a mando de Pequim, pelos Estados Unidos. Os americanos, por sua vez, são considerados prioridade máxima na política externa de Bolsonaro.
A audiência dos dirigentes da Huawei com o presidente Bolsonaro e parte de sua equipe, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ocorreu poucos dias depois da reunião de cúpula dos líderes do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A conversa foi acertada durante um encontro bilateral entre Bolsonaro e o presidente chinês Xi Jinping, na última quarta-feira.







