Do G1 – Clientes do buffet RV Bellas Artes, em Paulista, no Grande Recife, denunciaram que foram vítimas de um golpe aplicado pela empresa. Ao g1, eles contaram que, após finalizarem o pagamento para a realização de festas infantis, o serviço anunciou que estava encerrando as atividades, sem dar qualquer retorno sobre a devolução dos valores pagos. O caso é investigado como estelionato pela Polícia Civil.
De acordo com a polícia, até o momento, cinco pessoas procuraram a Delegacia de Paulista para prestar um boletim de ocorrência. Mas, segundo um dos clientes que denunciaram a empresa, o engenheiro mecânico Renato Fonseca, quase 90 famílias já disseram ter sido vítimas do golpe.
“A gente foi, na sexta-feira (2), prestar o B.O. e daí foi uma avalanche. No grupo que criei [no WhatsApp], são 87 clientes. […] Até então, [os representantes da empresa] sumiram. Não tiveram nem a decência de mandar um advogado para falar com a gente. A gente fez um levantamento no grupo e estimou que o rombo dessas 87 pessoas chega próximo de R$ 600 mil”, contou Renato.
De acordo com os clientes, o buffet publicou uma nota informando que estava encerrando as atividades no sábado (1º), na seção de Stories do perfil que a empresa RV Bellas Artes mantém no Instagram para o segmento infantil, intitulado RV Universo Kids.

“Sim, estamos fechando por falta de recursos, esgotamos todas as fontes pra poder realizar festa. […] Não demos um golpe, não estamos curtindo com dinheiro de nossos clientes, até porque, se tivéssemos o dinheiro, faríamos o evento”, afirmava o texto.
‘Simplesmente pararam de responder’
Em entrevista ao g1, Renato Fonseca disse que contratou o buffet em agosto do ano passado para fazer a festa de aniversário de 1 ano do filho dele, que estava marcada para o próximo dia 22 de julho. O valor gasto foi de R$ 5,8 mil.
“A gente veio pagando, sempre muito esforçado, apertado, como todo mundo que tem criança pequena hoje em dia. Quando folgava, fazia um serviço extra, botava mais dinheiro. Até o dia 20 do mês passado, já tinha quitado todos os pagamentos por pix. […] Só que, nesses últimos 20 dias, se aproximando da festa, simplesmente pararam de responder”, relatou.
Renato falou ainda que, depois de muito insistir, a mulher de um dos sócios da empresa mandou uma mensagem para a esposa dele, chamando para uma reunião numa das unidades do buffet, no bairro de Maranguape, onde seria realizada a festa.
“Numa chuva que Deus mandava, ela foi com o nosso filho debaixo do braço, porque eu estava trabalhando e não pude levar eles. E, quando chegou lá na frente, viu o local fechado. Achou estranho, começou a ligar e ninguém atendeu. E a gente passou a noite ligando para eles, insistentemente, mandando mensagem. Mais ou menos 11h da noite, a gente percebeu que tinham bloqueado a gente no WhatsApp”, afirmou Renato.

‘Pedia informações, mas não me davam’
A auxiliar administrativa Thayara Ferreira Cruz é outra cliente que diz ter sido lesada pelo buffet. Ela contou que assinou o contrato com a empresa no dia 19 de janeiro deste ano para realizar a festa de 1 ano do filho, programada para 11 de novembro. Pagou R$ 3,5 mil. Mas, desde março, não recebe qualquer resposta da empresa sobre o evento.
“Demoravam muito pra responder. Pedia informações do que precisava e eles disseram que iam mandar local de sacolinha, uma lista dos materiais. Pedi essas informações e não me davam. Uma vez, questionei isso e disseram que, se fosse urgente, devia ligar. Eu ligava também e não atendiam. A última vez que me responderam foi no dia 21 de março, dizendo que eu podia ir visitar o local, mas não falaram mais nada. E eu tentava contato desde 9 de fevereiro”, disse Thayara.
“Fiquei sem chão, porque comecei a pagar a festa quando meu bebê nasceu. Faltam três meses e eu, crente de que estava tudo certo, porque no pacote estavam inclusos casa de festa, brinquedos, decoração, bolo, fotógrafo, recreador… E, de repente, do dia pra noite, não está nada certo e não tenho mais o dinheiro”, falou a auxiliar administrativa.
A advogada Letícia Oliveira disse que está representando 25 clientes da RV Bellas Artes. “Vamos entrar com uma ação cautelar na esfera cível para poder entrar no patrimônio tanto da empresa, quanto dos donos, para poder dar o ressarcimento às pessoas que tiveram prejuízo”, afirmou.