Da Redação do Blog — Os moradores de Boa Vista se reuniram em uma extensa fila na manhã desta sexta-feira (16) para receber doações de pacotes de salsicha que originalmente seriam exportadas para a Venezuela. A distribuição de aproximadamente 28 toneladas do alimento ocorreu devido à proibição das exportações brasileiras pelo país vizinho.
Empresários brasileiros acusam o governo venezuelano de bloquear as exportações de alimentos na fronteira de Pacaraima, ao norte de Roraima, desde janeiro. Como resultado, eles têm realizado protestos exigindo que as autoridades negociem com a Venezuela para permitir a liberação das cargas. O Ministério das Relações Exteriores está buscando negociações.
Desde cedo, brasileiros e venezuelanos se organizaram no local. Por volta das 9h, os funcionários da empresa Frios Roraima começaram a distribuir os pacotes.
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Serão doados mais de 5 mil pacotes de salsicha, cada um pesando cerca de 3 kg e com validade até agosto. Mesmo com uma forte chuva por volta das 10h, os moradores permaneceram na longa fila, incluindo muitas mulheres com crianças de colo.
Uma das pessoas que chegou cedo foi a migrante Ysmarelys Garcia, de 36 anos. “Eu cheguei às 7h, moro no bairro Treze de Setembro. Espero sair daqui com um pacote”, disse ela enquanto aguardava na fila, pouco antes do início da distribuição.
O gerente de exportação da empresa, Inaldo da Silva Santana, explicou que a iniciativa foi tomada para evitar o desperdício de alimentos e também como forma de protesto.
“Estamos sofrendo com esse problema desde o dia 18 de janeiro de 2023. A gente não tem opção a não ser jogar fora o nosso produto, porque esses produtos venceram dentro da Receita Federal e quando todo o processo já tinha sido feito, processo burocrático do lado do Brasil e venceu na Receita Federal. Então, como forma de beneficiar as pessoas nós pegamos uma carreta que não venceu ainda e estamos doando para que chame a atenção das pessoas, parlamentares, deputados, senadores e governadores para que se sensibilizem. O empresário não consegue sobreviver se o produto dele não está sendo escoado”, disse.
Inicialmente, a empresa planejava distribuir apenas uma carreta, mas devido ao grande número de pessoas na fila, uma segunda carga estava prevista para ser aberta.
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A brasileira Ana Nandes chegou por volta das 8h e conseguiu pegar o pacote de salsicha por volta das 10h.
“A gente vem para cá porque precisa. A situação tá feia. Tem muito desemprego e algumas famílias não tem nada para almoçar com as suas famílias e isso aqui já é uma ajuda”, disse.
O Ministério das Relações Exteriores afirma que o governo brasileiro tem mantido contato constante, desde fevereiro, com autoridades venezuelanas em vários níveis para tratar da retenção de cargas de caminhões brasileiros na fronteira, com o objetivo de liberá-las.
Como parte das negociações com a Venezuela, o Brasil tem ressaltado os altos padrões sanitários dos produtos alimentícios brasileiros e insistido na liberação imediata da carga
Por volta de 11h30 a fila estava em volta de todo o Centro Cívico de Boa Vista e a Polícia Militar atuava com equipes para controlar o tráfego de carros no espaço.