Por Luiz Roberto Marinho – Os seis meses afastado da máquina da Prefeitura do Recife, com a desincompatibilização, e o bom índice de aprovação da gestão Raquel Lyra (PSD) são alguns dos fatores a recomendar contenção no clima de “já ganhou” instalado nas hostes de João Campos (PSB) pela sua larga margem de vantagem, até agora, nas pesquisas de intenção de voto.
A avaliação, de argutos observadores da política pernambucana, alinhados com a candidatura do prefeito, é de que a campanha eleitoral pelo governo do estado em 2026 será duríssima, ao contrário do que parecem demonstrar as pesquisas – a última, na quarta-feira (29), do Instituto Datafolha, apontou uma dianteira de 22 pontos porcentuais para Campos.
Em primeiro lugar, lembram eles, o sucessor de Campos na prefeitura, Victor Marques, amigo do peito e assessor de longa data, desde quando o prefeito foi iniciado na carreira eleitoral no gabinete do governador Paulo Câmara, não tem vivência político-partidária, é zero de carisma e um desconhecido do eleitorado. Pouco poderá somar, portanto, no apoio efetivo à candidatura do seu líder.
Habilíssimo usuário das redes sociais, afastado da prefeitura a partir de abril, João Campos não terá mais como mostrar a entrega e o acompanhamento de obras e será reduzido, portanto, o impacto de suas aparições como gestor dedicado e eficiente, ao contrário da sua opositora, pontuam os observadores.
Segundo eles, enquanto Campos estará fora da máquina de governo, Raquel Lyra continuará sentada no Palácio do Campo das Princesas, com amplo e total domínio do aparato estatal e, portanto, não apenas largamente instrumentada para continuar a fazer entregas, lastreadas em um cofre abarrotado, como sem a mesma pressa do adversário para compor sua chapa.
Em oposição a Raquel, Campos tem de inaugurar abril – daqui a cinco meses – com os nomes da chapa definidos para ir às ruas. Não enfrenta nenhum problema de opções, tantos são os candidatos às duas vagas do Senado – ao menos cinco, somando uma possível adesão do deputado federal Eduardo da Fonte (PP) e sua poderosa federação União Progressista. Mas terá de bater o martelo bem antes do que a adversária.
Contra a euforia no PSB, há a considerar, lembram ainda os analistas, o índice de aprovação da gestão de Raquel, de 57% – de 62% no interior -, como mostrou o levantamento do Datafolha de quarta-feira, maior do que o governo do carismático Lula.
É bem verdade, dizem eles, que ela enfrenta um índice de desaprovação de 55% e tem 41% de aprovação na Região Metropolitana do Recife, detentora de quase 42% do eleitorado do estado, mas está investindo R$ 1 bilhão na área, com futuras entregas visíveis ao cidadão, como novas delegacias e sedes de batalhões da PM, uma maternidade, reformas em hospitais.
Não é nada confiável a adesão antecipada de prefeitos a candidaturas, tantas são as traições em cima da hora, mas outro fator a considerar para botar água no chope precoce dos aliados de João Campos, pontuam os analistas consultados pelo blog, são os 70 prefeitos do PSD de Raquel e uma dezena deles que se declara ao seu lado na RMR. “É muito cedo e arriscado para o pessoal do prefeito estourar fogos”, afirma um analista.








