Por Ricardo Novelino – Em 2022, Pernambuco teve 65 casos de conflitos no campo. Isso significa uma média de mais de cinco por mês. Essa estatística faz parte de um relatório divulgado, nesta segunda (24), pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) no estado. O crime mais grave aconteceu em fevereiro quando numa criança de 9 anos foi assassinada dentro de casa.
A CPT informou que houve uma queda na quantidade de conflitos, em relação a 2021, quando houve 90 casos no estado. Apesar da redução dos números de ocorrências, a comissão diz que a situação não é animadora, uma vez que “todas as localidades nas quais foram registradas ocorrências desse tipo de conflito seguem sem solução e, portanto, na iminência da eclosão de novos episódios de violência”.
Ainda de acordo com os dados da CPT, esses conflitos envolveram 31.056 pessoas. Esse número, ressalta a entidade, é maior do que a população de 120 municípios do estado.
Intitulado “Conflitos no Campo Brasil 2022”, o documento tem também informações sobre população e situação de rios e florestas.
O levantamento mostra que a Zona da Mata é a área com mais problemas no campo. Ao todo, 52,3% do total de ocorrências aconteceram em municípios dessa localidade. A Região Metropolitana do Recife fica em segundo lugar, com 20%. O Agreste teve 18,5% das ocorrências e o Sertão, 9,2%.
Os posseiros estavam presentes em 37% das ocorrências, seguidos das famílias sem-terra e de comunidades pesqueiras, com 19% dos registros. famílias quilombolas, foram envolvidas em 14%, pequenos proprietários, em 5%, e indígenas e assentados, com 3% das ocorrências.
De acordo com a metodologia da CPT, os conflitos no campo no estado estão subdivididos em conflitos por terra (47 ocorrências), pela água (16) e trabalhistas (2).
Números da CPT em 2022
665 famílias foram vítimas de pistolagem;
235 tiveram suas terras ou territórios invadidos;
652 sofreram ameaças de despejo;
321 roças foram destruídas;
Água
A CPT informou que os conflitos pela água tiveram aumento de 220% em comparação com 2021, quando foram registradas cinco ocorrências.
Nessa categoria, há casos de contaminação por agrotóxicos. “O uso desses venenos como arma química tem sido denunciado pelas populações afetadas como uma estratégia para inviabilizar a permanência delas na terra ou no território em que vivem”, disse a CPT no relatório.
Casos como esses ocorreram nas comunidades dos Engenhos Fervedouro e Barro Branco, em Jaqueira, Mata Sul. “As famílias agricultoras posseiras da localidade foram repetidas vezes surpreendidas com a pulverização de agrotóxicos, por meio de drones, em suas lavouras e fontes de água”, denunciou a entidade.
Caso Jonathas
O episódio mais grave de violência no campo no ano passado aconteceu em Barreiros, na Zona da Mata Sul. Jonathas Oliveira, 9 anos, foi morto no Engenho Roncadorzinho, onde vive uma comunidade posseira em conflito por terra.
Ocorrido no dia 10 de fevereiro de 2022, o crime ainda não foi totalmente esclarecido, segundo a comunidade. Pessoas acabaram sendo presas, mas os moradores ainda acreditam que é preciso esclarecer os motivos do homicídio.









