Por Fabio Leite e Fabio Serapião, da Crusoé — Atual chefe de gabinete do senador Flávio Bolsonaro e ocupante do mesmo cargo quando o filho 01 do presidente Jair Bolsonaro era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o coronel-aviador da reserva da Força Aérea Brasileira Miguel Ângelo Braga Grillo (foto) recebeu 196 mil reais depositados em dinheiro vivo na sua conta.
Os depósitos estão na quebra de sigilo de Braga Grillo, e são referentes aos anos de 2012, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018. Os créditos na conta não têm a identificação do depositante. Os depósitos de valores maiores ocorrem em 2012: um no dia 29 de março, de 99 mil reais, outro em 18 de maio, de 30,3 mil reais, e um terceiro em 21 de dezembro, de 30 mil reais.
As transações em dinheiro vivo relacionadas a assessores de Flávio, afirmam os investigadores, são indícios de irregularidades porque esse tipo de operação, muitas vezes, ocorre para evitar a identificação dos envolvidos. Como mostrou Crusoé, o próprio Flávio recebeu 474 mil reais em depósitos em dinheiro na sua conta, parte deles em datas que coincidem com saques realizados pelo ex-assessor Fabrício Queiroz.

Conhecido como Coronel Braga, o chefe de gabinete de Flávio era o responsável por validar a presença dos funcionários do gabinete do 01 na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Embora Braga Grillo tenha confirmado que todos servidores desempenhavam suas funções, conforme registros anexados à investigação do Caso Queiroz, os investigadores têm elementos que mostram que boa parte dos funcionários não trabalhavam e eram nomeados para em seguida devolver parte dos vencimentos para Queiroz, apontado como arrecadador financeiro de Flávio Bolsonaro.
O coronel também foi citado pelo empresário Paulo Marinho como a pessoa que recebeu a ligação do delegado da Polícia Federal do Rio que teria vazado a Flávio informações sobre a Operação Furna da Onça, na qual estava o relatório do Coaf com as transações suspeitas de 1,2 milhão na conta de Queiroz. Ouvido pela PF, ele negou ter recebido informações sobre o caso.
Braga assumiu o cargo no gabinete de Flávio em 2007 e substituiu Mariana Lúcia da Silva Ramos Mota. Segundo o MP, Mariana teria desempenhado a função de arrecadadora de valores de servidores antes de Queiroz. No pedido de busca e apreensão de dezembro de 2019, os promotores afirmam que ela recebeu 39,4 mil reais de um ex-funcionário do gabinete.