EXCLUSIVO, por Luiz Roberto Marinho — Quatro dias após a morte em circunstâncias suspeitas, o corpo de Marina Ferreira da Silva, 25 anos, que era recepcionista na Pousada Morena, será finalmente transladado às 13h de Fernando de Noronha para autópsia no IML do Recife e posterior entrega à família, em Olinda. A chegada na capital está prevista para 14h30.
A Administração da ilha havia acertado com a Secretaria de Defesa Social a remoção do corpo na segunda-feira, mas o mau tempo em Noronha, segundo comunicado enviado ao Blog, que cancelou ontem todos os voos da ilha, adiou a operação inicial.
A autópsia será fundamental para esclarecer a causa mortis de Marina, que se supõe ter sido traumatismo craniano, conforme depoimento à polícia da diretora do Hospital São Lucas, Carolina de Mello e Silva, que atendeu a recepcionista às 6h35 do sábado.
No boletim de ocorrência da delegacia de Noronha, obtido com exclusividade pelo Blog, a médica relata haver encontrado sinais de violência na vítima, como unhadas no pescoço e ferimentos na orelha esquerda.

Embora não constatasse traumatismo visível na cabeça de Marina, Carolina de Mello e Silva atribuiu a morte a “provável TCE”. Na linguagem médica, TCE significa trauma cranioencefálico.
O depoimento da médica na delegacia informa ainda que a recepcionista chegou ao hospital sem sinais vitais e que, por 50 minutos, ela tentou reanimá-la, sem sucesso.
Duas colegas de quarto de Marina, identificadas como Ana Cecília e Joselane, que não foram à delegacia, disseram no hospital, conforme o depoimento da médica, que, no socorro à vítima, ao carregarem Marina no alojamento da pousada, as duas bateram com a cabeça dela na parede e deixaram-na cair no chão.
Ana Cecília declarou no hospital que estava no banheiro e que Joselane se encontrava no quarto do alojamento com Marina quando, de acordo com as funcionárias da pousada, ela vomitou sangue.

Contrariamente ao informe da médica Carolina de Mello e Silva registrado no BO, o delegado de Fernando de Noronha, Rodrigo Cartaxo, disse ao portal G1 Pernambuco que não encontrou sinais de violência no corpo da recepcionista.
Na entrevista ao G1, as informações do delegado não batem com o BO. A versão de Rodrigo Cartaxo ao portal de notícias são de que Marina teria tido queda de pressão – e não vomitado sangue – e de que dois rapazes, aos quais foi solicitada ajuda –e não as duas colegas de quarto, como consta no BO – é que teriam batido a cabeça da vítima na parede e deixá-la cair quando carregavam a recepcionista.
Com uma população de pouco mais de 3 mil pessoas, em local fechado e no qual a maioria se conhece, é fácil a investigação policial. Parece evidente, contudo, pela entrevista do delegado e pela nota oficial da Administração por ocasião da morte da recepcionista, no sábado, a preocupação em evitar a suposição de homicídio nos alojamentos de uma pousada de luxo por receio de reflexos no fluxo do turismo, principal atividade econômica da ilha.
Vinda de Olinda, Marina começou a trabalhar no início do ano na Pousada Morena, no Morro do Pico, uma das mais luxuosas da ilha. Tinha um amigo muito próximo, ainda não identificado, cuja foto está numa postagem sua no Instagram. “Amo dividir minha vida com você e ter dividido por tanto tempo tanto as tristezas quanto as felicidades”, escreveu ela no Instagram sobre o amigo.
A administradora de Fernando de Noronha, Thallyta Figueirôa, esteve com a família de Marina em Olinda para consolá-la e garantir o translado do corpo. Em nota ao Blog, a Administração da ilha evitou comentar as circunstâncias da morte da recepcionista, enfatizando que cabe à polícia os esclarecimentos.









