De O Globo – A CPI da Covid vai investigar a negociação feita pelo Ministério da Saúde para a compra de 60 milhões de doses da vacina chinesa CanSino por aproximadamente R$ 5 bilhões que tem sido intermediada por uma empresa investigada pela Polícia Federal e apoiada por empresários bolsonaristas como Carlos Wizard e Luciano Hang.
Em junho, o governo assinou uma carta de intenção com a Belcher Farmacêutica que previa o pagamento de US$ 17 por dose, valor mais alto negociado pelo governo para uma dose de vacina contra a Covid-19.
As negociações entre o governo e a Belcher Farmacêutica começaram a chamar atenção a partir de junho, quando veio a público a intenção de o Ministério da Saúde adquirir os imunizantes da CanSino. Assim como aconteceu com a indiana Covaxin, a negociação se deu por meio de uma empresa intermediária, a Belcher Farmacêutica.
A empresa, porém, é alvo de uma investigação conduzida pela Polícia Federal que apura desvios de verbas na compra de testes para detecção de Covid-19 pelo governo do Distrito Federal. O caso foi o foco da Operação Falso Negativo. De acordo com as investigações, a Belcher teria fornecido propostas fictícias em um processo de dispensa de licitação.
A Belcher Farmacêutica tem tido o apoio de empresários bolsonaristas como Luciano Hang, do Grupo Havan, e Carlos Wizard para viabilizar a venda de imunizantes.
Em março, Hang, Wizard e um dos sócios da Belcher, Emanuel Catori, chegaram a fazer uma transmissão ao vivo sobre a venda de vacinas para o Brasil.
Para a senadora Simone Tebet (MDB-MS), o caso precisa ser aprofundado.
— Defendo toda e qualquer investigação que envolva suspeita de compra fraudulenta de vacinas. Vacinas que podem significar a vida ou a morte de milhares de brasileiros faltaram por negacionismo. Agora são aceleradas por negociatas? Isso é repugnante — disse a senadora ao GLOBO.
A negociação para a compra das vacinas da CanSino será mais uma frente de investigação da CPI da Covid que, na semana passada, aprofundou suas apurações em relação à compra da vacina indiana Covaxin.
Em depoimento na sexta-feira, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse que relatou pressões atípicas sofridas pelo seu irmão, o servidor o Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, ao presidente Jair Bolsonaro e que, na ocasião, teria ouvido de Bolsonaro que a situação teria o envolvimento do líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros. Barros, por sua vez, nega sua participação em irregularidades envolvendo a negociação da Covaxin.







