Por Luiz Roberto Marinho – A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) negou, nesta terça-feira (4), que as obras de dragagem do canal interno do Porto de Suape estejam causando supostas mortes de tartarugas, cavalos-marinhos e de outras espécies de peixes, como denunciam vídeos em redes sociais.
Segundo a CPRH, a constatação foi tecnicamente respaldada após cinco minuciosas vistorias realizadas ora com as dragas em operação, ora paralisadas, em vários trechos dos Rios Tatuoca, Massangana, além da área portuária onde ocorrem as obras.
Diz que o laudo, a ser enviado ao Ministério Público Federal (MPF), é reforçado por audiências realizadas com associações de pescadores, moradores da região e mergulhadores profissionais do atracadouro.
As denúncias tentam associar as mortes na fauna marinha às obras de dragagem do atracadouro, iniciadas em 29 de agosto para remoção de mais de 4 milhões de metros cúbicos de sedimentos. Afirma a CPRH que sua última fiscalização ambiental ocorreu na sexta-feira (31) e não constatou problemas.

A vistoria, com 12 profissionais, foi realizada com as dragas paradas e na maré baixa, e não encontrou animal morto nem indícios visuais de alteração na qualidade da água ou qualquer outra anormalidade associada, assegura a CPRH.
Afirma a agência que embora os vídeos nas redes sociais tenham sido produzidos por supostos pescadores, nenhuma das três entidades que representam o setor pesqueiro local – Colônia Z-8, Associação Pescadores e Pescadoras Profissionais em Atividade no Cabo de Santo Agostinho e Associação Quilombola Ilha de Mercês – confirmou ter feito denúncia ou registro na CPRH ou na Diretoria de Sustentabilidade de Suape sobre morte de peixes.
Segundo o Porto de Suape, o presidente da Colônia Z-8, Lailson Evangelista de Souza, informou que, até o momento, não foi observado nada do que circula em redes sociais. “Não tenho nenhum conhecimento sobre morte de peixes, de cavalos-marinhos ou de tartarugas. A gente pede aos pescadores para observar e nos repassar algum problema. Eles filmam e mandam para mim, mas isso não aconteceu”, ressaltou.
A assessoria do Porto de Suape informa que o porto está executando voluntariamente um plano de assistência aos pescadores com aporte mensal de R$ 831,8 mil, durante o período da obra de dragagem. Pescadores indicados pelas três associações estão recebendo auxílio financeiro e cesta de alimentos, como medida de boa prática e responsabilidade social até o final dos serviços, previstos para janeiro de 2026, diz a assessoria.
A ajuda financeira de Suape, escreveu a assessoria, contempla 548 pescadores, dos quais 260 da Colônia Z-8; 238 da Associação Pescadores e Pescadoras Profissionais em Atividade no Cabo de Santo Agostinho; e 50 da Associação Quilombola Ilha de Mercês.
O diretor de Sustentabilidade de Suape, Carlos Cavalcanti, assinala que as obras de dragagem, como as que ocorrem no porto atualmente, são precedidas de amplo e rigoroso processo de licenciamento e autorizações ambientais, que exigem fiscalização sistemática.
“Foi elaborado o Plano de Gestão da Qualidade Ambiental, o PGQA, aprovado e acompanhado de forma contínua pela CPRH, que reúne 15 Programas Ambientais e 14 condicionantes voltadas para controle, prevenção e mitigação de possíveis impactos da obra de dragagem”, destacou.
Carlos Cavalcanti ressalta, ainda, que o controle ambiental da área é complementado sistematicamente por relatórios enviados pelas empresas contratadas para a execução da dragagem, executada ao custo de R$ 217 milhões – dos quais R$ 100 milhões de recursos do governo federal – pelo consórcio Van Oord/Jan De Nul, vencedor da licitação.
Pontua que são usadas dragas de última geração equipadas com sistemas de baixa emissão de CO2, rastreamento via satélite e sensores em tempo real, que, de acordo com o diretor de Sustentabilidade, garantem “rigor técnico, eficiência energética e precisão das operações”. A embarcação da dragagem dispõe de fiscais a bordo e a própria tripulação ajuda no monitoramento da fauna, enfatiza ele .
Carlos Cavalcanti diz que Suape já conquistou prêmios internacionais na área de sustentabilidade e fez parcerias recentes com o Instituto Hippocampus, que estuda cavalos-marinhos, no valor de R$ 300 mil, e com o projeto Megamar, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que analisou a fauna marinha no porto com aporte de R$ 1,4 milhão.









