EXCLUSIVO, Por Arthur Gazeta – Uma verdadeira calamidade atinge produtores rurais na Zona da Mata Sul de Pernambuco. Criadores de gado e cavalos denunciam a infestação da chamada mosca do estábulo, que se multiplica a partir da “cama de frango”, um subproduto da produção de aves, muito usada como adubo no plantio de banana, cará e inhame. O problema afeta municípios como Barra de Guabiraba, Sairé e o distrito de Uruçu Mirim, em Gravatá.
Vídeos recebidos pelo blog mostram a gravidade da situação. Em uma das imagens, um bezerro aparece morto, coberto pelas moscas. “Mosca da desgraça. Olha”, lamenta um produtor. Em outra cena, um homem à cavalo exibe a perna tomada pelos insetos: “Olha, parece um enxame de abelha. Virgem nossa senhora.”
Em conversa com o blog, o empresário Mário Gouveia, de Sairé, diz que o problema é antigo. “A região inteira é prejudicada. Tem muita plantação de cará, então dá muita mosca, que inclusive também pica os seres humanos. É bem complicado”, desabafou. “Precisamos do apoio do governo do Estado para resolver essa calamidade que todo ano se repete”, lamenta.
O produtor rural João Tavares reforça a gravidade da situação e aponta o uso da cama de frango como raiz do problema. “Esse problema atinge Barra, Cortês, Sairé, Gravatá e vários outros municípios. A cama de frango é um excelente adubo, mas como não é compostada, acaba atraindo a mosca do estábulo, que ataca bois, cavalos, cães, gatos e até seres humanos. Sem fiscalização da Adagro e com o interesse de grandes grupos em vender esse material, a praga segue sem controle. Quem perde somos todos nós”, afirmou.
Especialistas alertam que o risco não é apenas para os animais. A mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans) também pode prejudicar a saúde humana. Suas picadas são dolorosas e, além do incômodo, o inseto pode atuar como vetor mecânico de doenças, transmitindo bactérias, vírus e parasitas ao pousar em fezes, urina ou matéria orgânica em decomposição e depois em pessoas ou alimentos. Isso pode causar gastroenterites, infecções intestinais, casos de miíase e até outras doenças. Os sintomas incluem diarreia, dor abdominal, febre e vômitos.
Os moradores pedem ação urgente do Governo do Estado, Ministério Público, criadores e da Agência de Defesa Agropecuária para controlar a praga, que além de causar a morte de animais, também traz riscos sérios à saúde da população.









