Exclusivo, por Ricardo Antunes — “Sou candidato”. Foi com essa frase curta, mas que diz absolutamente tudo, que o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) assumiu, em definitivo, sua terceira tentativa de chegar ao Palácio Antônio Farias.
Mais maduro e vindo de duas derrotas nas urnas para o próprio Geraldo Júlio (PSB), ele trabalhava com a possibilidade de ter o apoio do PSL.
Além de se dar muito bem com o presidente e deputado federal Luciano Bivar e o vice, Antônio de Rueda, contava ainda com o tempo de televisão do partido. Na última eleição para prefeito, Sérgio Bivar, filho de Luciano, foi seu vice.
No entanto, um telefonema do próprio Rueda na noite da quinta-feira jogou por terra a aliança que ele dava como certa.
“Daniel, decidimos que vamos lançar um candidato próprio”, disse Rueda, que antecipou até mesmo o nome do candidato do PSL. O advogado Carlos Andrade Lima, por ironia, amigo do próprio Daniel Coelho e de sua família.

Sem querer passar recibo da surpresa e mostrando que confia no “seu taco”, ele reuniu seu grupo político e comunicou a seus aliados a decisão do PSL. “Calma que ainda tem jogo”, tranquilizou.
Ontem e hoje, Daniel conversou muito com o líder do PSC, André Ferreira, e com um dos líderes da direita, Coronel Meira. Ventilou-se até a possibilidade de lançar André Ferreira (PSC) como candidato a prefeito.
André é outro que, como FBC, só pensa em sua família. Para ver seu delírio de tornar seu irmão e prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, como governador em 2022 ele não vai ter nenhum prurido de acabar com a candidatura do deputado Alberto Feitosa e compor com Daniel. Feitosa, diga se de passagem tem trabalhado dia e noite apontando as mazelas da cidade. “Acredito que vamos crescer”, diz ele.
Nas conversas com o PSC, o candidato do Cidadania recebeu acenos de André Ferreira. Com isso, a pré-candidatura do deputado estadual Alberto Feitosa (PSC) iria para o sacrifício, com o partido indicando o vice de Daniel.
Mendonça Filho também será candidato, com apoio do PSDB. O PTB ainda é uma incógnita, visto que o ex-senador e líder do partido Armando Monteiro Neto teve um papel muito apagado na tentativa de unir a oposição.

Dessa forma, a “união das oposições”, tão falada por todos os pré-candidatos, foi só uma chuva de verão. Entre alguns partidos da oposição muita gente culpa o ex-senador Armando Monteiro. “Ele era o capitão do time, mas quando a bola rolou, ele se escondeu do jogo. Pipocou”, disse ao Blog um deputado federal.
O clima está tão ruim que, nessa manhã, Mendonça Filho, ao ver as redes sociais dos bolsonaristas espalhando que ele, como ministro teria apoiado a ideologia de gênero nas escolas, disparou irritado esse áudio para várias pessoas: “Isso é um fake da pior qualidade. E eu sei de onde vem”, desabafou o ex-ministro a um de seus interlocutores.

Ouça o áudio de Mendonça:
O vídeo e as imagens das matérias foram distribuídos também pelo candidato do PRTB, Marco Aurélio, muito ligado ao senador Fernando Bezerra Coelho (MDB). FBC, por óbvio, torce para que a oposição não ganhe a Prefeitura do Recife, para que possa lançar o seu filho, o atual prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), a governador em 2022.
Com todas as lideranças do oposição derrotadas no Recife, ficaria muito mais fácil para o clã de Petrolina emplacar um nome de consenso daqui a dois anos.
Na estratégia de FBC, foi posta a pré-candidatura a prefeito de Marco Aurélio, que resolveu usar o episódio com Mendonça Filho para colocar mais querosene na fogueira.
Isso porque Mendonça era o ministro da Educação quando foi feita a resolução que autoriza o uso do nome social na educação básica para transexuais, bola da vez para as críticas dos apoiadores de Bolsonaro.

“Fiquei surpreso com o vídeo que está circulando nas redes sociais. A cada dia a verdade está prevalecendo, o trigo se separando do joio, e os bolsonaristas de ocasião caindo e mostrando a verdadeira cara da direita no Recife”, disparou Marco Aurélio.
“A escola não é um ambiente para pregar ideologias que apenas atendem interesses políticos de ‘esquerdopatas’. Escola é lugar de ciência. Não deixaremos que manipulem as nossas crianças e adolescentes”, completou o deputado, que irá a Brasília na próxima semana e pedirá ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, para que a portaria seja revogada.
Empolgada com as pesquisas e também atacada por “fake news” e “fogo amigo”, Patrícia Domingos (Podemos) segue animada e trabalhando. Sem ter a menor ideia do arsenal que o PSB prepara para ela.
É nessa disputa fraticida e com muitas traições que o jogo da oposição chega ao fim.
Agora, mais do que nunca, é cada um por si.
Tirem as crianças da sala, por favor.