Por André Beltrão – O prefeito de Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto (MDB), continua a colecionar desafetos após as últimas eleições de outubro. Depois de comissionados e terceirizados denunciarem mais de três meses de atraso de salários, agora foi a vez dos profissionais de saúde sentirem na pele a ingratidão do gestor.
Ginecologistas, ortopedistas, endocrinologistas, reumatologistas e outros profissionais que trabalharam arduamente na rede municipal durante o período eleitoral e que contribuíram para a reeleição do prefeito, relataram terem sido desligados sem qualquer aviso prévio pela nova empresa contratante, IDCN. E os que ainda seguem ligados à rede municipal denunciam ainda a falta de pagamentos nos últimos meses.
A IDCN substituiu a antiga prestadora de serviços, Medical, mas até o momento não ofereceu justificativas sobre a não renovação das agendas de atendimentos. O descontentamento entre os médicos é generalizado. “Médicos são tratados como sal”, desabafou um dos profissionais desligados, reforçando o sentimento de desvalorização.

Além disso, outros cargos comissionados também foram dispensados sem aviso, enquanto prestadores de serviços enfrentam atrasos nos pagamentos, o que tem afetado diretamente o funcionamento de diversos setores. Postos de gasolina pararam de abastecer os veículos da prefeitura devido à falta de pagamento, deixando ambulâncias e serviços essenciais paralisados. O Centro da Mulher, responsável pelo atendimento a gestantes de alto risco, enfrenta uma situação crítica com a ausência dos principais obstetras para cuidar de casos graves, como diabetes e hipertensão.
FACOL – Mas, enquanto a cidade enfrenta uma crise na saúde pública, o prefeito Paulo Roberto celebra a aprovação do curso de Medicina da Unifacol – Faculdade Osman Lins, instituição de sua propriedade. O curso, que recebeu recentemente autorização do MEC, oferece 50 vagas com mensalidades de cerca de R$ 10 mil. Para atender às rigorosas exigências do MEC, a faculdade passou por grandes investimentos, incluindo a construção de um andar inteiro, aquisição de equipamentos de ponta e montagem de laboratórios modernos.
O investimento estimado para abertura de um curso de Medicina pode variar entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões, recursos que parecem ter sido prontamente aplicados na Unifacol. Enquanto isso, a saúde pública de Vitória de Santo Antão amarga a falta de profissionais e o abandono de serviços essenciais. O contraste entre a situação da rede pública municipal e o investimento na instituição privada do prefeito tem gerado revolta não apenas entre os médicos, mas na população local. O gestor, eleito com o slogan “é um pai”, agora está mais para “padrasto”.