EXCLUSIVO, por Luiz Roberto Marinho — Os trabalhadores demitidos do grupo João Santos, em recuperação judicial há um ano e nove meses, estimados em 20 mil, firmaram abaixo assinado endereçado ao Ministério Público do Trabalho e à 15ª Vara Cível do Recife, na qual tramita o processo de recuperação, clamando por uma solução urgente para receberem suas indenizações.
Defendem a necessidade de “se dialogar com todos os envolvidos, para juntos acharem medidas urgentes que possam atender à parte considerada hipossuficiente e mais vulnerável em comparação ao tamanho e a proporção do patrimônio do GICJS (dentro e fora do país), que por si só seria suficiente para dar quitação a todos os processos trabalhistas em andamento, se forem respeitados os direitos à prioridade de pagamento estabelecida pelas leis brasileiras “.
Enfatizam, no abaixo-assinado, que os demitidos do grupo enfrentam “sérias situações adversas”, mencionando entre elas o desemprego, dificuldades de realocação no mercado, problemas de saúde física e mental, dívidas acumuladas, dificuldades de subsistência.
O Blog apurou que desde a recuperação judicial foram firmados até agora menos de 200 acordos trabalhistas com uso de recursos próprios do grupo. Dificulta a adesão a proposta do grupo, aprovada pela 15ª Vara Cível, limitando a R$ 10 mil o valor das indenizações trabalhistas.

Por essa proposta, quem tem a receber de indenização trabalhista R$ 80 mil, por exemplo, se aderir só recebe R$ 10 mil, abrindo mão, na prática, dos R$ 70 mil restantes a que tem direito. Os sindicatos têm orientado os trabalhadores que a proposta só é vantajosa para quem tem a receber até R$ 12 mil de indenização.
A má gestão familiar levou à bancarrota o grupo, que possui, além de fábricas de cimento, empresas de táxi aéreo, de comunicação, de educação, de celulose, de produção de açúcar e álcool. Há denúncias de administração deficiente e de desvio de recursos por parte dos gestores da recuperação judicial.
A derrocada do conglomerado começou com a morte do seu fundador, João Santos, aos 101 anos, em 2009, quando o grupo chegava a faturar R$ 3 bilhões por ano. Nascido pobre em Serra Talhada, no sertão pernambucano, João Santos construiu, a partir de uma usina de açúcar em Goiana, na Zona da Mata Norte, um império de 41 empresas cuja joia foi a marca de cimento Nassau.









