Do G1 – As chuvas que caem sobre Pernambuco devem continuar até a manhã de sexta (24), dia de São João. Essa é a previsão da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). Nesta quinta (23), foram registrados alagamentos no Grande Recife e problemas com pontes. Segundo a previsão da Apac, no Agreste, região de festejos juninos tradicionais, deve chover até a madrugada de sexta. Na Região Metropolitana e na Zona da Mata, a expectativa é de precipitações durante manhã.
“A chuva que pode chegar até a intensidade moderada”, afirmou Patrice Oliveira, meteorologista da Apac, em entrevista ao NE1. Segundo ele, quem estiver pensando em viajar para curtir os festejos de São João deve ter cuidado.
Ainda de acordo com o meteorologista, não há previsão de que ocorra um temporal intenso como o do dia 28 de maio, que resultou na morte de mais de 120 pessoas, por deslizamentos de barreira ou alagamentos.
“Ali foi um evento extremo. Você vê que ontem [quarta] choveu muito, mas não chegou próximo ao que aconteceu no dia 28. Também não é o que a gente está observando agora”, explicou Oliveira.
Segundo a Apac, as chuvas são resultado de um fenômeno conhecido como Ondas de Leste. São ventos que trazem as nuvens nebulosas do oceano para o litoral e, depois, para o continente.
O fenômeno segue até o fim do mês de julho. Durante esse período, o estado deve passar por alguns sistemas, como são chamados os períodos de dois ou três dias com chuva. Até agora, a Apac registrou dois sistemas em maio e dois em junho.

De acordo com Gilberto Queiroz, analista ambiental da Apac, o estado está distante de inundações como registradas no final de maio.
Rios da Grande Recife como o Capibaribe, o Capibaribe-Mirim e o Tapacurá chegaram a atingir a cota de alerta, durante a madrugada, mas não o que a agência chama de cota de inundação.
“No momento, estão ou estáveis ou em descida. Por conta da reduzida das chuvas”, afirmou Queiroz.
Monitoramento
As fortes chuvas que ocorreram entre a noite de quarta (22) até a amanhã desta quinta (23), no Grande Recife e Zona da Mata, causaram prejuízos a moradores.
Ruas foram invadidas pela água e de rios transbordaram. Com as chuvas, pedestres, motoristas e comerciantes foram afetados pelos alagamentos.
Segundo o secretário-executivo da Defesa Civil de Pernambuco Leonardo Rodrigues, a Apac tem alertado a Defesa Civil para redobrar atenção em áreas ribeirinhas. “Temos um monitoramento atual com dois rios em inundação e nove em alerta”.
Leonardo Rodrigues associou à chuva ao caso do navio de carga “Thaís IV”, que afundou no caminho entre o Recife e Fernando de Noronha. Havia oito tripulantes. Quatro foram resgatados com vida e os outros seguem desaparecidos.
“Temos também o relato do naufrágio dessa embarcação, causa do alto volume de chuvas no mar, entre Recife e Fernando de Noronha. A Marinha e a Capitania dos Portos confirmaram essa ocorrência, estão fazendo buscas para que essas pessoas sejam encontradas com vida”, disse o coronel.

Prejuízos
As chuvas causaram uma série de transtornos para os pernambucanos. A ponte do Rio Cumbe na PE-50, que liga os municípios de Limoeiro, no Agreste, e Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, amanheceu coberta pela água. Isso impediu a passagem segura de pedestres e carros de pequeno porte.
Em Moreno, um morador do bairro Galinha d’Água chamado José enviou um vídeo ao WhatsApp da TV Globo mostrando como o dia amanheceu no local onde ele mora.
As imagens mostram as águas transbordadas de um rio formando uma correnteza perto da residência dele.
“Permanece desse mesmo jeito. A gente fica com medo. Eu passei a noite todinha em claro. Minha esposa e meus filhos estão aqui dormindo, mas eu fiquei de vigilância para tentar suspender as coisas. Comecei chamar os vizinhos para evitar que acontecesse alguma coisa mais grave”, disse José em entrevista ao Bom Dia Pernambuco.
Comerciantes de milho no bairro de Nova Descoberta, Zona Oeste do Recife tiveram prejuízo com a água da chuva carregando espigas em direção aos bueiros.
Os comerciantes que atuam no centro do bairro com o comércio tentaram sem sucesso salvar parte da mercadoria afetada.
Em Barreiros, na Zona da Mata Sul, uma ponte sobre o Rio Carimã cedeu, na região central da cidade.
Um morador identificado como Renato disse que o acidente ocorreu na quarta. A ponte fica por trás do edifício da prefeitura, e servia como uma espécie de atalho para quem trafega no Centro de Barreiros.
“O Rio Carimã é o que abastece a cidade, com o Rio Una, do outro lado da cidade. Ontem à noite [quarta], essa área cedeu. A Defesa Civil isolou a área. A quantidade de água que passa por baixo dessa ponte é muito grande”, afirmou.

Na capital, a Avenida Recife teve os dois sentidos alagados em diversos pontos e a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) precisou fazer desvios para os motoristas. O alagamento persistia mesmo horas depois de as chuvas cessarem.
No trecho, motoristas e pedestres tiveram que decidir entre se arriscar nos nos pontos de alagamento ou ficarem retidos nos engarrafamentos. Além disso, estabelecimentos comerciais no entorno da avenida não abriram as portas devido ao nível da água na via.
Na Rua Visconde de Cabo Frio, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da capital, um morador identificado como Vasconcelos alertou para problemas. Segundo ele, a situação vem piorando ao longo dos meses.
“Quem está no escritório e nunca pisou na lama não tem noção. Essa é a rua mais baixa aqui dessa área de Boa Viagem, onde o canal transborda e toda a comunidade fica com água na cintura. Tudo perdido novamente”, disse o morador.






