EXCLUSIVO, Por Luiz Roberto Marinho – A direção do Clube Português está tão convicta da aprovação do megaempreendimento previsto para o local do clube que, na convocação da nova assembleia destinada a votar o projeto, no próximo dia 30, a partir de 19h, incluiu na pauta a criação de quatro comissões para negociar com a CM Engenharia, dona da obra, os detalhes da construção.
Fracassada a assembleia de 3 de junho último para aprovar o megaprojeto de shopping e quatro torres, por erros no edital, a nova assembleia irá deliberar, além da aprovação, a formação de comissões jurídica, de engenharia, comercial e social, com nove sócios cada, para “acompanhamento da futura fase negocial” com a CM Engenharia.
O edital da nova assembleia determina, ainda, que os questionamentos à construtora só podem ser feitos por escrito e, em caráter excepcional, oralmente apenas sobre detalhes técnicos do megaprojeto, limitados a dois por sócio e com duração máxima de três minutos cada.
A construção do megaempreendimento enfrenta resistências, de tal forma que foi preciso uma decisão judicial para permitir que Margareth de Oliveira Maciel, contrária à iniciativa, retomasse seu título, cassado por uma obscura inadimplência, de forma a poder participar da assembleia do dia 30. Outros 178 sócios também tiveram os títulos cassados.
O projeto da CM Engenharia, proprietária dos shoppings Boa Vista e Patteo, em Olinda, e que negocia o megaempreendimento desde março de 2022, prevê que o Clube Português seja instalado na cobertura do shopping, que terá quatro andares e capacidade de abrigar cerca de 300 lojas.

Segundo o megaprojeto, as três torres residenciais, integradas ao shopping, com apartamentos entre 50 e 70m², ficarão voltadas para a Avenida Agamenon Magalhães, enquanto a torre de escritórios estará de frente à Praça do Entroncamento.
Os sócios contrários ao empreendimento tem três grandes dúvidas, ainda não esclarecidas pela CM Engenharia, segundo informação de alguns deles ao Blog. Uma delas é de que, na cobertura do shopping, o Clube Português, que hoje possui ginásio, restaurante, vários salões, três piscinas, uma das quais olímpica, uma quadra de tênis, um campo de futebol society, será bem menor e com muito menos equipamentos.
Uma outra dúvida é se o clube para de funcionar por seis anos, tempo previsto para a conclusão das obras do megaempreendimento, ou se será realocado e em que condições. Um terceiro fator de resistência é a baixa taxa de permuta oferecida ao Clube Português pela implantação do projeto, de 14,5% do faturamento do shopping, quando a taxa de mercado em casos imobiliários semelhantes gira em torno de 25%.
A diretoria do Clube Português é abertamente favorável ao megaempreendimento, de tal forma que é acusada de tentar boicotar questionamentos internos ao projeto. O presidente do clube, João Jorge Barbosa Marinho, é empresário do setor madeireiro e o vice-presidente, Fernando Medicis Pinto, é dono de uma construtora em recuperação judicial, a ABF Engenharia.
Com mais de 90 anos de existência, localizado na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, no bairro das Graças, área nobre da Zona Norte, o Clube Português é um espaço bem frequentado de convivência social e de atividades esportivas, com destaque no handebol, hóquei em patins e natação. Foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Recife pela Câmara Municipal em novembro passado.