Dólar ultrapassa R$ 4,40, segundo o Valor
O dólar deu prosseguimento ao rali observado nos últimos dias e, pela primeira vez, ultrapassou a marca psicológica de R$ 4,40. A valorização da moeda americana na manhã desta sexta-feira se dá em linha com o desempenho contra outras divisas de mercados emergentes. A disseminação do coronavírus fora da China continua no foco dos agentes financeiros, que aguardam, ainda, dados do setor externo de janeiro.
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Assim, por volta de 9h20, o dólar era negociado a R$ 4,4021 no mercado à vista, com avanço de 0,21%, após ter marcado R$ 4,4061 na máxima. No mesmo horário, o dólar subia ante o peso mexicano, avançava em relação ao rublo russo e tinha alta contra a lira turca. Ontem, o dólar fechou a R$ 4,3917, avanço de 0,61%.
No mercado futuro de juros, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) se alinharam ao dólar e se firmaram em alta, com recomposição de prêmio especialmente na ponta longa da curva a termo. Assim, a taxa do DI para janeiro de 2021 passava de 4,20% no ajuste anterior para 4,21%; a do contrato para janeiro de 2022 ia de 4,67% para 4,70%; a do DI para janeiro de 2023 subia de 5,22% para 5,27%; e a do DI para janeiro de 2025 avançava de 6,00% para 6,06%.
Nesta sexta-feira, a comissão de saúde da província chinesa de Hubei revisou para cima o número de casos confirmados para dar conta de um relatório do departamento penitenciário. Além disso, a Coreia do Sul registrou mais casos da doença. Nissan e Honda atrasaram o reinício de algumas fábricas na China, em conformidade com as diretrizes locais.
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“Esses indicadores dão a base no que se fundamenta os temores relacionados ao Covid-19: a informação. Desde o início, a natural desconfiança com os dados fornecidos pelo governo chinês faz das perspectivas em relação ao vírus um jogo de ‘chutes no escuro’. A adição dos dados desta noite muda o acompanhamento das proporções entre infectados, mortos e curados, daí a reação de cautela dos mercados em nível global”, afirma o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.
No Brasil, a nota do setor externo, com dados referentes a janeiro, pode ter influência sobre os negócios no mercado de câmbio, a depender das transações correntes.
“Vejo um mundo que está desacelerando e parte desse desaquecimento pode ser ainda mais intensa sob o efeito do novo coronavírus. A cadeia de produção na China tem impacto no mundo e isso deve prejudicar as nossas exportações em boa quantidade. Até por isso, projetamos um saldo comercial piorando neste ano e o déficit em conta corrente deve atingir um déficit de 3,6% do PIB em 2020”, afirma o economista-chefe da Panamby Capital, Eduardo Yuki. Para ele, o ambiente para novas desvalorizações do câmbio está dado e o dólar deve atingir R$ 4,50 até o fim do ano.
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