Do Estadão – Para o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma tentativa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de levar seu pai à morte antes das eleições de 2026 e forçar um candidato a presidente sem o sobrenome da família.
O parlamentar, tornado réu no Supremo por coação no curso do processo, vê o cerco se fechar contra si e diz que a conjuntura atual torna “inviável” seu retorno ao Brasil. A declaração foi dada em entrevista ao Estadão nesta terça-feira, 25.
O ex-presidente começou nesta terça-feira a cumprir a sentença de 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Ele continua numa cela especial na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília, onde está desde sábado, 22, quando passou a cumprir prisão preventiva após violar a tornozeleira eletrônica.
Eduardo diverge do que foi decidido pelo seu partido, o PL, nesta segunda-feira, 24. O encontro na sede da legenda reuniu cerca de 50 parlamentares, teve o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ungido como porta-voz do pai e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro cobrando que os correligionários parem de lavar roupa suja em público.
Para Eduardo, no entanto, “sempre haverá confusão” sobre quem fala por Bolsonaro enquanto ele estiver preso, e é preciso reagir publicamente a atritos públicos entre bolsonaristas. O deputado também diz que não deve nada ao PL, ao defender sua atuação em solo americano.
Hoje se encerra o prazo para o julgamento da denúncia contra o sr. no STF. A Primeira Turma já formou maioria para torná-lo réu. Como isso impacta seus planos nos Estados Unidos?
Tudo o que eu sei é com relação ao que a imprensa noticia. Eu não fui notificado de absolutamente nada. O meu desejo era estar no Brasil, mas se eu retornar vou ser preso, porque não há segurança nenhuma jurídica no País. O (ministro do STF Alexandre de) Moraes acabou de prender o presidente Jair Bolsonaro. Não tem nenhum nexo, nenhuma relação dele com golpe nenhum. Nesse cenário, fica inviável o meu retorno ao País, ao menos neste momento.
A Defensoria Pública, que faz a defesa do sr., alegou que o sr. “não tem poder de decisão sobre a política externa dos Estados Unidos e não exerce função pública nos Estados Unidos”. O que acha da linha da defesa?
Eu agradeço ao trabalho da Defensoria Pública. Sempre reconhecer, ainda para os mais cruéis bandidos, que é necessário, sim, a atuação de um advogado de defesa. Agora, por mais brilhante que possa ser, podem colocar o Rui Barbosa para ser defensor. Não vai surtir efeito. A gente já não está mais no campo jurídico.
Em relação à prisão preventiva no fim de semana, o presidente Bolsonaro disse que danificou a tornozeleira por curiosidade, e depois citou uma paranoia como resultado da mistura dos medicamentos. Qual sua impressão sobre isso?
Quem tem responsabilidade nisso é o Moraes. Absolutamente nenhum bandido do Brasil está com tornozeleira eletrônica 24 horas por dia, policiais ao redor da sua casa. Moraes quer humilhar, pressionar, torturar psicologicamente. Quem quer tirar a tornozeleira corta a pulseira, não abre o dispositivo em si. A intenção do Moraes é assassinar o Bolsonaro. Eles pressionaram ao máximo, ameaçaram para que o Bolsonaro indicasse um sucessor que fosse do gosto de Alexandre de Moraes. O Bolsonaro, valentemente, se recusou a fazê-lo, ainda sabendo que poderia pagar anos e décadas de prisão em virtude disso. Então, o Moraes agora está apelando para ver se consegue matar o Bolsonaro antes da eleição de 2026.








