Do Globo — O economista Eduardo Gianetti da Fonseca, de 64 anos, foi eleito para a Cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras. Em sessão híbrida no Petit Trianon, ele superou o escritor Gabriel Chalita e o advogado Sergio Bermudes.
Vaga desde a morte de Tarcísio Padilha, em setembrom esta era a última das cinco cadeiras em disputa na instituição. Foi também a eleição mais disputada. Gianetti recebeu 18 dos 34 votos, enquanto Bermudes ficou com 9 e, Chalita, 7.
As outras cadeiras foram preenchidas pela atriz Fernando Montenegro, o compositor Gilberto Gil, o médico Paulo Niemeyer e o advogado José Paulo Cavalcanti. Com os resultados, a academia acabou não elegendo nenhum ficcionista para seu quadro.
Nascido em Belo Horizonte, em 1957, Gianetti é formado em economia e ciências sociais na Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Teoria Econômica, atuando principalmente nos seguintes temas: filosofia e teoria econômica, história do pensamento econômico, economia do bem-estar, ética e economia
Ex-professor na Universidade de Cambridge e no Insper São Paulo, recebeu duas vezes do Prêmio Jabuti: o primeiro, em 1994, por “Vícios privados, benefícios públicos?” e o segundo, em 1995, pelo livro “As partes & o todo”.

Publicou ainda “Autoengano” (1997), “O valor do amanhã” (2005) e “Trópicos utópicos” (2016), entre outros. Em seu último título, “O elogio do vira-lata e outros ensaios” (2018) ele recupera uma expressão de Nelson Rodrigues (usada pelo dramaturgo carioca para definir o sentimento de inferioridade dos jogadores brasileiros nos anos 1950) para pensar o estado de espírito atual do país.
Próximo da Rede Sustentabilidade, Gianetti elaborou os planos de governo para a candidata Marina Silva nas campanhas presidenciais de 2010, 2014 e 2018. Sua atuação política vem de longe. Nos anos 1970, quando era aluno da USP, ele foi fichado como subversivo pela Ditadura Militar.
Veja esta foto do Departamento de Ordem Política e Social dos anos 1970. Quem aparece fichado pela Ditadura Militar como subversivo é o economista e professor Eduardo Gianetti da Fonseca, mineiro, 64 anos, o mais novo integrante da Academia Brasileira de Letras, eleito há pouco com 18 votos.
Os ocupantes anteriores da cadeira 2 foram: Coelho Neto (fundador), João Neves da Fontoura, João Guimarães Rosa e Mário Palmério.