Em um discurso no qual chorou e arrancou risos da plateia de apoiadores da comunidade brasileira em Miami, nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o derretimento global dos mercados nesta segunda-feira, dia 9 — que ceifou R$ 90 bilhões de valor de mercado da Petrobras e fez a Bovespa fechar em baixa de 12% — é resultado da reação à epidemia de coronavírus, que ele avalia ser “superdimensionado”.
Quase um ano e meio após vencer a corrida presidencial, Bolsonaro também lançou dúvidas sobre a lisura de sua própria eleição, ao dizer que possuía “provas” de que teria havido fraude no processo e que ele, na verdade, deveria ter sido eleito em primeiro turno. Bolsonaro mencionou o ataque a faca que sofreu, o que gerou comoção no público local, majoritariamente evangélico.
No começo do evento, o pastor Leidmar Lopes, presidente da Associação de Pastores do Sul da Flórida, chegou a puxar uma oração pela saúde de Bolsonaro e afirmou que se autoexilou por não enxergar, até a eleição do então candidato do PSL, solução para os problemas brasileiros: “O senhor é a resposta às nossas orações”, disse.
Em ambiente amplamente favorável, o presidente sugeriu ainda que as manifestações populares do dia 15 de março poderiam até ser canceladas caso os parlamentares aceitem devolver ao Executivo o total de R$ 30 bilhões do Orçamento impositivo — atualmente, metade desse valor está destinado a emendas parlamentares e o restante voltou para o Planalto, em uma negociação feita pelos líderes partidários e os articuladores políticos de Bolsonaro na semana passada.
Suposta Fraude nas eleições
“Minha campanha, eu acredito que, pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu tinha sido, eu fui eleito no primeiro turno, mas, no meu entender, teve fraude. E nós temos não apenas palavra, nós temos comprovado, brevemente eu quero mostrar”, disse. Interpelado pela imprensa na saída do evento, ele não respondeu sobre quais provas seriam essas.
A BBC News Brasil não conseguiu contatar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na noite da segunda-feira. “Nós precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos. Caso contrário, (é) passível de manipulação e de fraudes.
Então, eu acredito até que eu tive muito mais votos no segundo turno do que se poderia esperar, e ficaria bastante complicado uma fraude naquele momento.” Ao mencionar a campanha, Bolsonaro rememorou ainda a facada que levou durante ato de campanha em Minas Gerais, em setembro de 2018. Nesse momento, ele chegou a chorar duas vezes.
“Quando cheguei em Juiz de Fora, mais de 40 mil pessoas na praça, Haufman, falei para o pessoal que estava comigo, como já era campanha, eu tinha a Polícia Federal do meu lado. Falei que era a última vez que eu enfrentaria o povo daquela forma, de peito aberto.
Porque eu falei “vão me matar”. Infelizmente foi a última vez. Aconteceu, mas graças a Deus, por um milagre, segundo os médicos, eu sobrevivi”. Ao que a plateia respondeu: “Amém”.