Por Fabio Leita, da Crusoé — Uma empresa usada por um delator para lavar dinheiro em esquemas de corrupção emitiu, segundo a Receita Federal, 6,4 milhões de reais em notas fiscais frias para a Precisa Medicamentos e outras empresas controladas por Milton Lyra, operador ligado ao senador Renan Calheiros, e o advogado Flávio Calazans, que já admitiu à Lava Jato ter operado caixa dois para o MDB.
O material obtido pela investigação do Ministério Público Federal em conjunto com a Polícia Federal embasou a operação deflagrada nesta quinta-feira, 30, na qual agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na sede da Precisa, empresa investigada pela CPI da Covid no Senado no escândalo da compra da vacina indiciada Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Segundo os investigadores, parte dos 6,4 milhões de reais gerados em notas frias foi devolvida aos operadores em espécie, “mediante dinheiro gerado a partir da atuação de doleiros e colaboradores”. A investigação teve como ponto de partido a delação premiada do advogado Luiz Carlos Claro e do filho dele, Gabriel Claro, que admitiram usar uma série de empresas de fachada para lavar dinheiro destinado ao pagamento de propina a políticos.

Os delatores afirmam que foram procurados pelos operadores em 2014 com a solicitação de “um novo projeto de lavagem de dinheiro”, que seria de interesse das empresas Global e Precisa Medicamentos, comandadas pelo empresário Francisco Maximiano. Segundo os colaboradores, Milton Lyra disse que “necessitava gerar caixa dois” para o então senador Romero Jucá e o então deputado Eduardo Cunha, ambos do MDB.
O operador ligado ao senador Renan Calheiros, que é relator da CPI da Covid no Senado, teria ainda indicado aos delatores uma empresa de táxi aéreo para fazer a lavagem de 500 mil reais. Os valores, segundo a investigação, teriam como origem contratos da Global com a Petrobras e os Correios.
Em agosto, Crusoé já havia mostrado que a Global, uma das empresas de Max, como é chamado o dono da Precisa, havia repassado 9 milhões de reais a Milton Lyra após receber repasses do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários dos Correios. A CPI, cujo relator é Renan Calheiros, havia quebrado os sigilos bancário e fiscal da Precisa, mas não da Global.







