Por Max Felipe — A arte está em cada um, basta descobrir essa força da luz interior que impulsiona o talento. “Entre a raiz e a flor há o tempo”, a frase do poeta Carlos Drummond de Andrade entra em sintonia com o desdobramento de uma nova flor artística, após 53 anos da aquariana Ceça Nunes. Nascida em 1º de fevereiro de 1967, ela que teve seu talento de desenho artístico aguçado das pessoas revelado, no dia 10 de março de 2020, em pleno isolamento social da pandemia da covid-19.
Nesta quinta-feira (15), no Dia dos Professores, a artista realiza sua primeira exposição das suas obras no Belisco’s Café Bistrô, na Rua Dez de Janeiro, número 102, no centro de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR), às 19h, atendendo os protocolos do uso de máscara e limitação de pessoas, para evitar aglomeração no espaço, por causa da pandemia. Entre os trabalhos, está o desenho de uma referência da Música Popular Brasileira (MPB), Chico Buarque de Holanda.
A professora aposentada Ceça Nunes não imaginava carregar um dom e só agora colocá-lo em prática, num momento de combate ao novo coronavírus. Essa descoberta surgiu e vem trocando o choro de uma pessoa triste, com a situação do isolamento da pandemia, pela leveza das cores transformada em alegria por um gesto de perseverança e amor à vida.

“Deus tocou em mim, num momento quando eu estava triste e sentindo dentro de mim um vazio”, diz Ceça Nunes, que estava cabisbaixa ao lembrar dos seus entes queridos já falecidos, como sua mãe, seu pai e seu esposo. No entanto, a força de ser mãe de dois filhos ajudou a vencer este vazio e encontrar uma nova rotina na sua vida, a arte. “Agora, quando eu olho as pessoas ou uma fotografia eu já penso em desenhar. Chego até me emocionar porque nunca pensei em fazer isso. Desenhei meus filhos, minha sogra e amigos.”
Ceça Nunes já produziu mais de 50 obras que ainda estão a caminho de um novo conceito na arte, usando elementos como lápis de cores, gizes oleosos e secos, ao observar as expressões humanas, principalmente os aspectos da boca, da bochecha, dos olhos.
Muitos desses trabalhos foram feitos a partir de um simples olhar de uma fotografia, seja ela impressa ou digital. Para observar todo bem o rosto, ela dá um zoom na imagem para conseguir notar todos os detalhes de homens, mulheres, idosos e crianças. “Esse detalhamento das expressões é a minha característica, de uma forma autodidata”, disse. “A arte salva e faz bem a gente. Eu gosto de pesquisar muitas novidades e ter novas visões para adaptar no meu trabalho”, completou Ceça Nunes. “Fiz uma doação de um quadro para o poeta Miró de Muribeca, uma pessoa que admiro, e o desenhei.”

Filha de Jaime Ferreira Nunes e Amara Ferreira Nunes, ainda criança a pequena menina dos cabelos pretos e ondulados sedosos por onde passava já deixava inspirações pela sua inteligência. Sua mãe já sentia algo genial na menina e a chamava de flor de maracujá, quando vivia com seus pais em Tiúma, bairro impulsionado nos, anos 70, pela produção sucroalcooleira na Usina de Tiúma, em Paudalho.
Passados os anos… Ceça Nunes, aos 53 anos, já adulta, é formada no curso de Licenciatura em Letras, na Universidade de Pernambuco (UPE), na unidade de Nazaré da Mata, na Mata Norte de Pernambuco. Ceça foi casada com João Batista Magalhães de Oliveira, professor de geografia, já falecido, único namorado quando conheceu na sua adolescência, aos 17 anos. Já adultos, firmaram o matrimônio e tiveram dois filhos Ícaro Magalhães Nunes de Oliveira, 22, e João Batista Magalhães de Oliveira, 19 anos. No decorrer do tempo, o casal desfrutou de um grande amor por quase três décadas.
Miró
O poeta e cronista urbano Miró da Muribeca, que vem tentando se livrar da dependência alcoólica há uns anos, recebeu um desenho de si mesmo, feito pela artista Ceça Nunes. Ela se solidariza ao poeta e fica feliz em contribuir a partir da doação de seu desenho ao Miró para que ele possa até mesmo leiloar, se precisar de um aporte financeiro.
https://youtu.be/rjFe54sdwT8
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*Max Felipe é jornalista com pós-graduação em Comunicação e Mídia Social. Tem experiência em diversos veículos e assessoria de comunicação e marketing como o Diario de Pernambuco, Revista INFO (Editora Abril), Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e Porto Digital