Do UOL – Movimentos e políticos de partidos ligados à esquerda estão nas ruas na manhã de hoje para protestar contra a aprovação do “PL da Dosimetria”, que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses por tentativa de golpe. Os atos estão previstos em 47 cidades. Atos ocorreram em Salvador (BA) João Pessoa (PB), Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF).
Integrantes de movimentos sociais se manifestaram contrários ao PL da Dosimetria e ao aumento de feminicídio. Em Salvador, na Bahia, a caminhada ocorreu das 9h às 12h na orla da cidade. Segundo a integrante da executiva nacional do PT e MST, Vera Lúcia Barbosa, o ato teve maior participação de mulheres porque ocorreu também um protesto contra o aumento de feminicídios no país. “Foram duas pautas muito importantes, a marcha foi puxada por mulheres”, afirma.
Cartazes em Salvador mostravam frases direcionadas a mulheres como “parem de nos matar” e “mulheres vivas”. A integrante da Executiva do PT disse que além do direito das mulheres, a marcha também protestou contra “a anistia aos golpistas”. As manifestações foram organizadas pelos movimentos Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo.
“Pautas no Congresso destoam nos interesses do povo”, diz a manifestante. “Agora que o STF cumpriu o seu papel, identificou, julgou e puniu, esse PL é uma negação de todos os poderes, é um sinal muito ruim que desestabiliza o processo democrático”, diz. “Temos temas tão importantes na Câmara para debater e o Congresso preocupado em anistiar golpistas.”
Em João Pessoa (PB), os atos tiveram mensagens direcionadas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). “Como a Paraíba é a terra de Hugo Motta, muitos cartazes se concentravam nele, outros diziam que o PL da Dosimetria é a PEC da Anistia disfarçada”, diz Felipe Baunilha, professor da educação básica e integrante do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba.
Concentração teve início em um ponto turístico conhecido como Busto de Tamandaré, às 9h. Segundo Baunilha, a caminhada reuniu cerca de 5.000 pessoas e percorreu uma distância de 1 km. “Tivemos participação de parlamentares, sindicatos e movimentos sociais além de pessoas sem vínculos político-partidários.” Manifestantes ergueram cartazes pedindo a saída de Motta da Presidência da Câmara.
“Muitos diziam que ele não representa a Paraíba”, afirma. Segundo Baunilha, os participantes pediram também a participação de parlamentares paraibanos na votação do PL. “Metade dos parlamentares se ausentou da discussão, só tivemos dois votos contra. Foram cinco ausências.” Veja aqui como votaram os deputados.
Sensação das pessoas é de que o Congresso é inimigo do povo, diz professor. Para Felipe Baunilha, as pessoas que não têm vínculos partidários e participaram do ato diziam que o Congresso votava pautas que destoavam dos interesses da população em geral.
Protestos ocorrem em outras cidades
Mobilização é resposta à aprovação do PL da Dosimetria na Câmara dos Deputados. O texto ainda precisa passar pelo Senado e, se aprovado, pela sanção do presidente Lula (PT). O projeto foi aprovado por 291 votos a 148.
Relator do projeto, o senador Esperidião Amim (PP-SC), admitiu “gravidade da discrepância” do PL. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Otto Alencar (PSD-BA), disse que não é possível votar a proposta sem a correção dos problemas no texto. Amin afirmou que conversou com o colega hoje sobre isso. “O Otto prestou um grande serviço e fez uma avaliação técnica.” Ideia era fazer texto alternativo à anistia.
O relator da proposta, Paulinho da Força (SD-SP), disse que ideia era ser uma solução intermediária para militantes e políticos bolsonaristas que queriam uma anistia para todos os condenados pelos crimes que culminaram nos ataques aos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. A proposta foi aprovada pela Câmara na quarta-feira.








