Do G1 – Uma investigação realizada pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), órgão da Marinha do Brasil, concluiu que os fragmentos de óleo, que poluíram as praias de Fernando de Noronha, neste mês de agosto, não são o mesmo material que atingiu a costa do Nordeste e estados do Sudeste, em 2019. Uma outra análise também indicou que o lixo, que chegou à ilha também em agosto, é proveniente do Congo, na África.
“Nossa conclusão é de que essa ocorrência consiste de produto (óleo) diferente daquele que chegou às praias do Nordeste em 2019, com reincidência em alguns pontos em 2020 e, também, em 2021”, informou o capitão de Mar e Guerra Márcio Lobão, engenheiro químico, chefe do Departamento de Oceanografia e coordenador das análises de química forense em incidentes de poluição por óleo na Marinha.
As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (30). A análise dos fragmentos de óleo foi feita na sede do IEAPM, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.
O capitão de Mar e Guerra explicou que o IEAPM recebeu amostras de óleo coletadas na ilha. Esse material seguiu procedimentos padronizados pelo pessoal da Capitania dos Portos de Pernambuco (CPPE).
O estudo foi feito no Laboratório de Geoquímica Ambiental Forense do IEAPM, que tem a atribuição legal para conduzir essas análises para a autoridade marítima.

“Cabe salientar que, em 2019, também foram encontrados resíduos oleosos em Fernando de Noronha. Esses resíduos oleosos também tinham origem diferente daquela que ocasionou o grave incidente [em todo o litoral do Nordeste]. Portanto, incidentes com produtos diferentes, provavelmente não relacionados. O óleo que atingiu o Nordeste, em 2019, não atingiu Noronha”, declarou o capitão de Mar e Guerra, Márcio Lobão.
O militar disse que os fragmentos de óleo atuais devem ser resultado de descarte de um navio, mas essa hipótese ainda não foi confirmada.
O servidor o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) Marcos Aurélio da Silva participou de um seminário que analisou os fragmentos de óleo e o lixo que chegou ao Parque Nacional Marinho de Noronha.
Nesse encontro foi informado que o lixo, que poluiu as praias, deve ter vindo do da África. “O indicativo é que essa mancha de lixo veio de um rio do Congo, na costa oeste africana. Esse material veio pelo oceano até Fernando de Noronha”, declarou o servidor do ICMBio.
Segundo Marcos Aurélio, o monitoramento é feito, via satélite, por diversas universidades e, principalmente, pelo o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
“É possível saber o ponto de partida desse material e a origem. Ao avaliar a velocidade e a direção das correntezas, é possível identificar o rumo que o material tomou”, disse o representante do ICMBio.
Marcos Aurélio informou, ainda, que foram encontradas tampas de um refrigerante muito tradicional no Congo. O material deve ser sido desacatado no rio, que deságua no oceano.

Uma série de mutirões foram realizados para limpeza das praias Sueste, Atalaia, Caieiras, Enseada do Abreu e a do Leão, região mais afetada, além do Mangue do Sueste. Mais de 1,3 tonelada de lixo e fragmentos de óleo foi recolhida.
O Instituto Chico Mendes segue com o monitoramento e vai realizar novos mutirões. “O material foi recolhido das praias e do mangue. Mais de 60% da costa leste/oeste noronhense é de costão rochoso. Em cima dessas rochas, preso nas pedras, deve surgir muito lixo, por isso vamos dar continuidade ao recolhimento dos resíduos”, falou Marcos Aurélio.
Fragmentos de óleo surgiram em pontos do litoral do Nordeste e estados do Sudeste a partir de agosto de 2019. A substância era a mesma em todos os locais: petróleo cru. O fenômeno afetou a vida de animais marinhos e causou impactos nas cidades litorâneas. A origem do óleo ainda é desconhecida.
Em Pernambuco, manchas de óleo foram localizadas em 48 localidades e em oito rios. Ao todo, 13 municípios registraram danos. Foram coletados, desde agosto de 2019, 1.650 toneladas de resíduos.
Este ano, houve chegada de lixo a várias praias da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Piauí. Ao menos 46 toneladas de lixo foram retiradas, no fim de abril. A origem dos resíduos ainda é desconhecida.







