Por Larissa Motta — Um dos médicos responsáveis pelo resgate da menina Nicole, atacada por um tubarão na última sexta-feira (28) na Baía do Sueste, em Fernando de Noronha, o cirurgião paulista Tiago Simão participou de live com o jornalista Ricardo Antunes na noite de hoje (2). Pela primeira vez, ele contou detalhes do acidente com o objetivo de alertar as autoridades para a precariedade do serviço de saúde e, sobretudo, de primeiros socorros da Ilha.
Segundo o que foi relatado por Simão, diante da gravidade do ataque e da falta de equipamentos para o atendimento, a criança conseguiu sobreviver por um milagre. “Eu tinha dúvidas de que ela conseguiria resistir. A criança foi atacada a 100 metros de onde eu estava, dentro da água, e chegou na areia totalmente desfalecida, com a total amputação da sua perna. Perdeu muito sangue”, relatou ele.
O cirurgião denunciou que não houve, no momento, qualquer iniciativa por parte dos funcionários do IcmBio para contribuir com o salvamento, “nem mesmo levaram o kit de primeiros socorros ao local”. E que, quando tiveram acesso ao material, o mesmo só tinha luvas e gazes.
“Não havia material para um torniquete ou para ventilação”, observou o médico, explicando o que era preciso para estancar o sangramento e fazer a reanimação da menina. “Foi preciso fazer respiração boca a boca e improvisar luvas como torniquete”, contou. Vinte minutos após o acidente, nenhuma ambulância havia chegado ao local e por isso a menina foi levada ao único hospital da cidade em uma camionete. Depois disso, como o blog já havia divulgado, foram mais cinco horas de espera até que o avião UTI chegasse à ilha para trazer a menina para o Recife.

Como profissional da saúde e turista, Tiago reforçou a necessidade das autoridades alertarem os turistas para a existência de tubarões na área e, principalmente, de oferecerem condições adequadas para casos de urgência.
“Ficou claro que não existe um protocolo de atendimento de emergência. Eu imaginava que o dinheiro que pagamos estava sendo investido para a nossa segurança. Além disso, me senti revoltado de entrar na água sem saber o risco que eu estava correndo”, reclamou ele, referindo-se ao fato de não existirem placas de alerta dos perigos.
Para ir a Noronha, o turista precisa pagar a Taxa de Preservação Ambiental (TAP), no valor diário de R$ 87,11. Em um final de semana, ou seja, três dias, esse valor será de R$ 263,13 por pessoa. Para ter acesso às praias, também se paga um ingresso ao Parque Marinho controlado pelo IcmBIO, no valor de R$ 330,00 para estrangeiros e de R$ 165,00 para brasileiros, com validade de 10 dias.