Por Mariana Sanches, do UOL – Ideólogo da direita populista global e conselheiro do presidente americano Donald Trump, Steve Bannon disse, em entrevista exclusiva à coluna, que o líder da Casa Branca “está muito aborrecido” com a situação do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Segundo Bannon, o republicano considera “inaceitável” o julgamento do aliado e estaria convencido da necessidade de impor sanções financeiras ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator dos processos nos quais Bolsonaro é réu. O ex-presidente é acusado de tentativa de abolição violenta do Estado de Direito, entre outros crimes, e deverá ser julgado ainda este ano.
“Acredito que isso virá em semanas”, disse Bannon.
O americano também afirmou ter ficado “surpreso” que, em meio a uma agenda política intensa, Trump tenha encontrado tempo para publicar o que qualificou como a “declaração mais contundente do segundo mandato” em defesa a alguém. Na manhã de ontem, o presidente dos EUA postou uma mensagem de apoio a Bolsonaro em sua rede social Truth, alegando que ele estaria sendo “perseguido” e acusando o processo legal de ser “uma caça às bruxas” de teor político contra o ex-presidente brasileiro.
“Acho que isso [o post de Trump] mostra que o que Moraes está fazendo é ultrajante para as pessoas que acreditam na liberdade. E então o presidente Trump diz: ‘Ei, ele perdeu a eleição, mas vocês estão tentando julgá-lo para que ele não possa concorrer novamente quando está vencendo nas pesquisas'”, afirmou Bannon.
“Somos grandes apoiadores do movimento Bolsonaro desde que o conhecemos em 2017. E acho que a manifestação mostra que o presidente Trump está totalmente ciente do que está acontecendo. Ele está muito aborrecido com isso. E eu acredito que haverá severas sanções financeiras contra Moraes. Há dezenas de pessoas trabalhando nisso, tanto no Executivo quanto no Congresso, e veremos o resultado em algumas semanas”.
– Bannon, em entrevista telefônica ao UOL
Perguntado se as sanções a que se referia são as previstas na Lei Global Magnitsky, Bannon confirmou, mas ressaltou que “não fala por Trump”. A legislação prevê o bloqueio de acesso ao território americano e o impedimento de manter contas ou fazer transações financeiras com instituições bancárias que operem nos EUA.
No fim de maio, o Secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, disse no Congresso que havia “grande possibilidade” de que o ministro fosse alvo da medida. O UOL apurou que Bannon conversou com Rubio diretamente sobre o assunto. Recentemente, ele também esteve com o presidente dos EUA em um almoço em que voltou a falar sobre a situação de Bolsonaro.
Antes de publicado, o post de Trump não passou pelo Departamento de Estado, o órgão diplomático dos EUA. O UOL pediu esclarecimentos sobre o assunto à diplomacia americana, mas ainda não obteve resposta.
“O post do presidente Trump realmente coloca o judiciário de Moraes em alerta de que os Estados Unidos, no mais alto nível do nosso governo, estão observando isso de perto e Trump está totalmente comprometido”, afirma Bannon, que prossegue: “Trump jogou com força. Ele disse: ‘Isso é totalmente inaceitável’. E se você quer enfrentar Bolsonaro, deve fazer na eleição. Lute nas urnas, mas não use os tribunais para tentar prender um homem”, diz.
O governo Lula tem dito que sanções ao ministro do STF seria um ataque direto à soberania do Brasil. Bannon rebate: “Isso é ridículo, amamos o Brasil e queremos ajudar”.









