Por Ricardo Antunes
Na geografia da “Operação Lava Jato”, Pernambuco tem um lugar de destaque com vários políticos citados de vários partidos. Com isso o número de “operadores” – como são chamados os lobistas e intermediários de negócios para os políticos – aumenta a cada dia.
Pelas contas do blog eles já passam de 15 apenas em nosso estado. Alguns foram presos, fizeram delação e estão soltos. Outros permanecem em Curitiba e alguns esperam temerosos por uma ordem de prisão preventiva em torno das operações que ainda estão sendo processadas.
É o caso de Davidson Tolentino de Almeida (foto), figura de fino trato embora muito reservado. Seu primeiro cargo de destaque no setor público foi quando assumiu uma diretoria da CBTU com sede no Rio de Janeiro.
Indicado pelo deputado Eduardo da Fonte (PP) , Davidson se apaixonou pela cidade. Foi um caso de amor a primeira vista. E de muitas intermediações de negócios, é claro.
No mundo dos negócios dinheiro fácil é também sinônimo de belas mulheres e carros de luxo. “Ele se tornou um “bom vivant”, diz um amigo que foi seu colega de classe em um tradicional colégio de classe média alta do Recife.
Depois de pouco menos de dois anos no Rio, Tolentino foi chamado para uma nova missão. Dessa vez muito maior e mais poderosa: administrar um orçamento de R$ 10 bilhões no Ministério da Saúde no setor de logística – um dos mais cobiçados da esplanada e que lida com a compra de medicamentos de grandes laboratórios.
O nome de Davidson foi a tona na ultima operação da PF que apontou o senador Ciro Nogueira (PP) e o deputado federal Eduardo da Fonte (PP) como comandantes de um esquema de arrecadação de dinheiro e obstrução de justiça.
O delator foi, o também pernambucano, José Expedito Rodrigues de Almeida que está sob proteção da PF com medo de ser executado. Almeida e Tolentino eram bons amigos. Ele também citou o nome do advogado pernambucano Marcos Meira.
O ex-assessor contou que Nogueira e Eduardo da Fonte atuavam como “parceiros”. Dividiam um flat na avenida Vieira Souto, no Rio, o qual visitou para buscar dinheiro. Numa oportunidade, disse, viajou de São Paulo para o Rio conduzindo uma Pajero Full que pertencia a ambos.
A “testemunha- delator” era uma espécie de arrecadador de propinas e afirmou ter sido ameaçada até de morte para não delatar Eduardo da Fonte e Ciro Nogueira, segundo a denuncia da Lava Jato que está no processo nas mãos do ministro Edson Fachin.
O “ex-todo poderoso” Davidson Tolentino atuava da mesma forma. Amante de belas mulheres e de uma vida de luxo se gabava de ter um “patrimônio de R$ 40 milhões” em pouco mais de 10 anos de “serviços prestados” aos políticos. “Ele tinha orgulho do que fazia”, disse outra fonte ao blog que conviveu ao lado de sua sala no Ministério da Saúde.
De repente a vida mudou. Pessoas próximas a ele atestam que, Davidson, agora, reza todo dia para não ser preso e nunca atende o telefone. Tem dado sinais de depressão e acorda com pesadelos.
É sem dúvida uma vida de luxo, glamour e belas mulheres, mas, decididamente, muito arriscada.
E breve. Muito breve.






