Por Ricardo Antunes:
A nova onda de acusações contra o Palácio do Campo das Princesas feitas pelo advogado Antônio Campos, dessa vez com o Coronel Meira, parecem não ter provocado nenhum abalo no PSB. Duas horas depois do Secretário de Imprensa, Eduardo Machado, ter prometido que Paulo Câmara iria soltar uma nota respondendo as acusações de “grampo” e monitoramento de seus adversários, o governador rompeu o silêncio e disse uma frase que espelha ao mesmo tempo ironia e falta de preocupação: “sem comentários”
Inicialmente, a tendência do Palácio era de responder a altura o estrago feito pelo irmão de Eduardo Campos desde o início da semana. O governador é tido como um “paspalho” dominado pela viúva Renata Campos e pelo prefeito do Recife Geraldo Júlio (PSB), que já está em campanha para 2024. E mais: Os processos que desnudariam um forte esquema de corrupção, muito maior que o da Paraíba, só não teriam sido implodidos pelos tentáculos, que segundo Tonca, o partido teria no MPPE, TCE, PF e outros órgãos de controle.
Após a morte de Eduardo Campos, esse mesmo esquema milionário continuaria a ser comandado pela dupla que tem o projeto de se perpetuar no poder com a candidatura do primeiro infante, João Campos a prefeito do Recife. Caso isso aconteça, o PSB irá completar cerca de 20 anos de poder no estado e na capital pernambucana.

Eram 18h40 quando esse repórter enviou um “zap” para Eduardo Machado que foi enfático: “Vai ter nota”, disse ele. Quase três horas depois (21h25), a assessoria enviou a seguinte mensagem para o blog: “Caro, Eduardo Machado pediu para te passar um retorno sobre a questão de Tonca, em nome do governador: “Sem comentários”, finalizou.
Um claro sinal de que a tendência de “não confronto” nesse momento ainda é majoritária dentro do Palácio das Princesas. Provocado se essa resposta não poderia ser entendida como “recuo ou medo”, um dirigente do PSB não se fez de rogado. “No momento certo nós vamos desmascarar esse rapaz”, disse ele, mostrando que o “arsenal” contra Antônio Campos – que praticamente humilhou o PSB pernambucano em todo país – ainda está guardado a sete chaves.
“Ele anda falando demais mas todo mundo na cidade sabe quem ele é”, acrescenta um parlamentar ouvido sobre o imbróglio.

Uma coisa é certa: O estrago provocado pelas acusações de Antônio Campos, e, mais ainda com as do Coronel Meira – ligado ao presidente Jair Bolsonaro – de que estaria sendo monitorado pela “polícia política” do Governo do Estado, já está nas mãos do ministro da Justiça, Sergio Moro. A depender da disposição política do presidente, que quer tomar bases da “esquerda” no nordeste, e do clima pré campanha, poderemos ter em breve novidades que vão abalar o sistema de poder do estado.
Não existe alternativa: Ou o irmão de Eduardo Campos está mentindo ou está falando a verdade quando revelou robustas provas do que disse ao Ministério Público Federal (MPF), e pediu “proteção de vida” ao Ministério da Justiça. É o tipo do jogo que, ultrapassada aquela linha tênue, não pode dar empate. Ou em nada.
