Da Redação do Blog – Um homem de 50 anos, morador de Olinda, processa a Igreja Universal do Reino de Deus após vender sua padaria e doar R$ 31,5 mil à instituição em busca de “mudança de vida”. Manoel Rodrigues Chaves Filho alega que, após a doação, perdeu o emprego, se divorciou e contraiu dívidas escolares da filha.
Áudios obtidos pelo Diario de Pernambuco mostram um pastor pressionando Manoel a doar à igreja em vez de ajudar sua família. A doação ocorreu em novembro de 2017. Desde 2019, Manoel busca na Justiça a restituição do valor e indenização por danos morais. Em 2022, o juiz Carlos Neves da Franca Neto Júnior determinou a devolução do dinheiro, decisão mantida após recurso da Universal ser negado.
Manoel começou a frequentar a igreja em março de 2017 e foi convencido pelo pastor Rodrigo Antonio a vender a padaria e doar o valor, sob a promessa de prosperidade. Em áudio anexado ao processo, o pastor sugere que Manoel venda outros bens e não compartilhe o dinheiro com sua esposa e filha. A transação ocorreu no estacionamento da igreja: R$ 10 mil em cheque e R$ 21,5 mil em espécie.

Ao perceber que foi coagido, Manoel protestou em um culto, exibindo a foto do pastor e acusando-o de enganar fiéis. Sua advogada, Janaína Morais, afirma que os áudios provam a coação e questiona a postura da igreja ao exigir todo o dinheiro do padeiro.
A Universal alegou falta de provas sobre o repasse em espécie e defendeu que não houve coação, apenas estímulo à doação, argumentando que Manoel se arrependeu tardiamente. O juiz destacou que o pastor sabia das dificuldades do padeiro e o incentivou a doar mesmo sabendo que isso o levaria à miséria. A sentença reconheceu o abuso de direito, determinando a devolução do dinheiro, mas negando indenização por danos morais.
O Tribunal de Justiça de Pernambuco manteve a decisão, alegando que as contribuições foram feitas sob pressão e exploração da vulnerabilidade psicológica de Manoel. A igreja ainda pode recorrer.
Em nota, a Universal defendeu a liberdade de pedir e fazer doações, ressaltando que Manoel era esclarecido e já havia feito ofertas voluntárias antes. Afirmou ainda que o Estado não deve intervir na relação entre fiéis e suas igrejas.
Confira o vídeo
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