Por Ricardo Antunes — A onda de manifestos assinados por diferentes setores da sociedade em defesa da democracia e em oposição à retórica do presidente Jair Bolsonaro contra os Poderes da República ganhou volume com a articulação de organizações da sociedade civil.
Nesta terça-feira, 24, a FIESP vai divulgar um documento intitulado “Serenidade, Diálogo e Ações”, que pede a “pacificação política e estabilidade institucional”. Sem eles, diz o texto, o Brasil terá “graves problemas econômicos, como perda de renda e empregos”. Leia a nota:
“Serenidade, Diálogo e Ações
As entidades signatárias deste documento veem com grande preocupação a escalada de tensões entre autoridades públicas, o que coloca em risco um dos pressupostos para a funcionalidade da democracia: a harmonia entre os poderes da República.
Esse quadro de hostilidade gera incerteza e graves problemas econômicos, como a perda de renda e o desemprego de milhões de brasileiros. Por isso, a sociedade civil anseia e o momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o país ultrapasse, de forma duradoura, os desafios hoje postos à recuperação da economia e à superação das carências sociais que atingem amplos segmentos da população.
Para o fortalecimento da democracia, é imprescindível que cada ocupante de cargo público, que desempenhe os papéis da mais alta relevância e responsabilidade sobre os destinos do país, aja com racionalidade para distensionar o ambiente político e dissipar incertezas quanto à nossa capacidade de, mesmo nas diferenças, conduzirmos adequadamente as questões do presente, resgatando expectativas quanto ao nosso futuro”.
CAVANDO O PÊNALTI
O presidente Jair Bolsonaro tem dito a interlocutores que vai esperar por um eventual ataque do ministro Luís Roberto Barroso para apresentar o pedido de impeachment do presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

REPLAY
A ideia de Bolsonaro é repetir o momento oportuno do pedido de Alexandre de Moraes e fazer a denúncia apenas após alguma manifestação mais contundente de Barroso ou depois de alguma medida do Tribunal Superior Eleitoral contra seus apoiadores.
TRAIÇÃO
Arthur Lira e Ciro Nogueira estão “traindo” Jair Bolsonaro com Marcelo Freixo. Em conversas reservadas com o presidente da Câmara, Freixo tem discutido a possibilidade de o Progressistas apoiar a sua candidatura ao governo do estado em 2022 ou até mesmo vir a formar uma chapa, lá na frente. Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil de Bolsonaro e presidente do PP, está a par das articulações.
FRENTE AMPLA
Filiado ao PSB desde junho, depois de ter deixado o Psol, Freixo deve ter o apoio de Lula para a disputa ao governo fluminense em 2022. Internamente, ele tem dito que pretende formar a aliança mais ampla possível em torno de sua candidatura, para tentar isolar os bolsonaristas no estado.
ENCONTRO
Falando em Lula, o ex-presidente reuniu-se nesta segunda por cerca de uma hora com Tasso Jereissati, cotado como um dos candidatos do PSDB à Presidência. No encontro em Fortaleza, Lula fez um apelo ao Centro e disse que é preciso ‘resgatar a civilidade na política brasileira’.

VOTO
Jereissati pensa em se lançar candidato à presidência pelo PSDB, mesmo sem o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já declarou o governador de São Paulo, João Doria, como o seu favorito.
PREOCUPAÇÃO
Doria, inclusive, disse a outros governadores nesta segunda (23) que cresce no Brasil “um movimento autoritário” entre as polícias para ‘emparedar’ chefes do executivo estadual e municipal. O governador tucano chegou a afastar um coronel que convocou ato contra ele, o STF e o Senado Federal.
INSUBORDINAÇÃO
A indisciplina de polícias é um dos maiores temores de governadores, que já viram Bolsonaro dar apoio a amotinados na PM do Ceará e policiais atacarem sem ordem manifestantes contrários ao presidente no Recife.
ENCONTRO
Quem estará em Brasília, nesta terça-feira (24), é o advogado especialista em Direito Previdenciário Almir Reis. Ele se reunirá com diversos congressistas para tratar dos impactos da MP 1045/21 à sociedade. O texto – já aprovado pela Câmara dos Deputados e ainda pendente de apreciação pelo Senado Federal – limita o acesso à justiça gratuita.

QUEBRA DE DIREITOS
Para Reis, essa restrição da gratuidade à Justiça representa quebra dos direitos fundamentais e dificuldade no acesso ao judiciário, principalmente de pessoas em situação de vulnerabilidade. Na sua avaliação, também agravaria a exclusão social, notadamente nas causas relativas à Previdência.
LEMBRANÇA
Ainda com as lembranças, as belas imagens e os registros de uma edição histórica, o Sertões se volta agora para 2022. No bicentenário da Independência e nos 30 anos de prova, vai ligar o Oiapoque ao Chuí, num desafio inédito.
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Coluna do Ricardo Antunes, Segunda-Feira, 23/08/2021.
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*Ricardo Antunes é jornalista, repórter investigativo e editor do Blog do Ricardo Antunes. Tem pós graduação em Jornalismo político pela UnB (Universidade de Brasília) e na Georgetown University (EUA). Passou pelo principais jornais e revistas do eixo Recife – São Paulo – Brasília e fez consultoria de comunicação para diversas empresas públicas e privadas.