Por Bruna Fantti, da Folha de S. Paulo — Sabine Boghici, 49, morreu após cair do quinto andar de um prédio no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, na tarde desta quinta-feira (14). Ela chegou a ser socorrida pelos bombeiros ao hospital, onde foi constatado o óbito.
Sabine respondia em liberdade por cárcere privado, estelionato roubo, extorsão e associação criminosa contra Geneviève Boghici, 84, sua mãe. Ela morava na casa da filha de Rosa Stanesco, sua esposa e, de acordo com a promotoria, comparsa no crime. Rosa continua presa.
As duas eram casadas em comunhão universal de bens, segundo documentos que constam no processo. A mãe de Sabine ainda não tomou conhecimento da morte da filha, de acordo com uma pessoa próxima.

ENTENDA O CRIME
Conforme a denúncia da Promotoria do Rio de Janeiro, o crime teria ocorrido entre janeiro de 2020 e abril de 2021. Inicialmente, Geneviève teria sido convencida por supostas videntes a pagar por um tratamento espiritual que evitaria a morte de Sabine.
Ela então teria realizado oito transferências que totalizaram R$ 5 milhões em duas semanas. Após isso, passou a desconfiar que estaria sendo vítima de um golpe. E, ao se recusar a continuar com os depósitos, afirma ter sido mantida em cárcere privado pela filha no apartamento da família, em Copacabana.
Ela disse ainda que a filha a obrigou a realizar faxina na cobertura, incluindo a limpeza das fezes de 20 cachorros que pertenceriam à filha. Em uma ocasião, um dos animais a mordeu, segundo ela.
Geneviève afirmou ainda ter sido ameaçada com uma faca para fazer transferências para a conta do filho de Rosa, uma das supostas videntes. Somente um dos depósitos foi no valor de R$ 692 mil. No total, a idosa apresentou à polícia comprovantes de transferências que totalizaram R$ 9 milhões.
Ainda segundo ela, joias e obras de arte foram retiradas de sua residência, com a justificativa de que seriam benzidas. Entre elas, o quadro “Sol Poente” (1929), de Tarsila do Amaral, que fora encontrado pelos investigadores debaixo de uma cama. Somente as obras que estão expostas no Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), não foram recuperadas.
Sabine ganhou a liberdade em março deste ano, mas não poderia se aproximar da mãe. Geneviève tentou, em outra ação judicial, torná-la indigna da herança, mas desistiu do processo. E, continuou a pagar o plano de saúde da filha.









