Por Ricardo Antunes — Passou despercebido, mas o jornalista Mario Sergio Conti propôs, em coluna no jornal Folha de S.Paulo, um golpe militar para retirar do poder o presidente Jair Bolsonaro. O texto foi publicado nesta 6ª feira (26), no site da Folha, e, neste sábado (27), na edição impressa do jornal.
O título divulgado pelo jornal na internet é este: “Nata militar poderia, sim, derrubar Bolsonaro, mas precisaria ter coragem”. Na edição impressa o título é diferente e apenas alusivo: “O pocotó das valquírias“.
No texto, Conti cita Claus von Stauffenberg, conde e coronel do exército alemão na 2ª Guerra. Stauffenberg liderou uma tentativa de assassinato a Adolf Hitler em julho de 1944. O atentado foi malsucedido. Von Stauffenber e outros participantes do complô foram executados pelo governo nazista.
“O patriciado militar, que festejara ruidosamente a ascensão nazista, veio a se horrorizar com o ímpeto genocida de Hitler. Como não havia espaço político para mobilizar a opinião pública e barrá-lo, um grupo de oficiais organizou um atentado e um golpe de Estado, a Operação Valquíria”, escreveu o jornalista.

Conti exortou militares brasileiros a fazer o mesmo com Bolsonaro. Ele se referiu ao presidente como “o assassino em massa do Planalto”. Há uma referência implícita ao número de mortos no Brasil pelo coronavírus.
São ao menos 312.000 vítimas até a publicação deste post.
Conti afirmou em seu texto que a cúpula das Forças Armadas poderia remover Bolsonaro do poder. Para isso, diz, precisaria ter “coragem” como os oficiais alemães que tentaram matar Hitler. Eis os últimos 2 parágrafos da coluna:
“A nata militar poderia, sim, derrubá-lo. Mas ela teria de ter aquilo que sobrava entre os da estirpe de Stauffenberg — coragem, noção de pátria, civismo, a crença que a derrota é o de menos. Numa palavra, heroísmo. Ao receber a ordem de fechar o Congresso, o herói responderia ao vilão:
“Não. O senhor e sua família têm uma hora para ir ao aeroporto, onde um avião da FAB os levará a Israel. Se se recusar, será preso, processado e julgado por genocídio”.
Um completo exagero. Bolsonaro foi eleito com mais de 57 milhões votos na eleição de 2012.
Há dois remédios contra um governante medíocre na democracia. O primeiro, é sempre a próxima eleição. O outro, é um processo de impeachment que parte do Congresso Nacional a partir de uma denúncia.
Sem isso, qualquer aventura desse tipo não passa de ser um “golpe” que nos colocaria de volta aos tempos de República de Bananas.
EX-PSOL
A nova diretora nomeada para a secretaria de Mario Frias, Flavia Lima, é uma ex-filiada do PSOL. Ela vai dirigir a diretoria de Fomento Indireto da Secretaria Especial de Cultura. Flavia é fundadora do Fórum Faz Cultura e chegou a concorrer a um cargo de vereadora no Rio de Janeiro pelo PSOL, mas não foi eleita. A informação é de Lauro Jardim.

DESVIO
A reportagem do jornal Folha de S. Paulo revela que o Ministério da Saúde desviou dois milhões de comprimidos de cloroquina que seriam usados no programa de malária para o tratamento de Covid-19. Com isso, o estoque do medicamento para pacientes com malária deve durar só até este mês. Pesquisas evidenciam que a cloroquina não possui eficácia contra a Covid. Em nota, a pasta disse ter garantido o estoque de cloroquina para malária, sem prejuízos ou interrupções do atendimento durante a pandemia.
LOBBY CHINÊS
Senadores reagiram neste domingo (28) com indignação e cobraram a demissão do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que fez postagens insinuando uma ligação do Senado com o lobby chinês pelo 5G, o que estaria por trás da pressão para derrubá-lo. Araújo tem reunião marcada com toda a sua equipe de secretários nesta segunda.
MARGINAL
Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado da República e citada nas postagens do chanceler, a senadora Katia Abreu (PP-TO) divulgou nota em que acusa Araújo de mentir e de adotar uma postura marginal.
VITÓRIA
Enquanto o Brasil vive seu pior momento da pandemia, uma pequena comunidade indígena no alto Xingu, os Kuikoro conseguiram vencer a covid-19 mesmo sem amparo do governo federal ou das autoridades locais, diz a BBC.

CIVILIZADOS
Os indígenas Kuikuro fizeram “lockdown” em suas aldeias, vaquinhas para arrecadar dinheiro para suprimentos médicos e usaram sua experiência com um surto de sarampo para enfrentar o coronavírus.
SELVAGENS
No início dos feriados para tentar conter o avanço da Covid e desafogar os hospitais, cenas de aglomeração e desrespeito a regras de distanciamento foram flagradas no litoral do Rio de Janeiro e em São Paulo. Aparentemente, a população das duas principais cidades brasileiras, não tem nem metade da educação e espírito coletivo dos nossos indígenas.
FALTOU COMBINAR COM OS RUSSOS
Governadores ainda vão ter que esperar a liberação da vacina da Rússia, comprada pelo Consórcio Nordeste. Gastaram mais de R$ 690 milhões, só que nem um terço da documentação pedida pela Anvisa chegou. Aí é complicado.
SPUTNIK V
A Sputnik V foi primeira vacina de coronavírus do mundo. A União Química, que será distribuidora do imunizante no Brasil, precisa apresentar a documentação exigida pela Anvisa. A informação é do colunista de economia do JC, Fernando Castilho.
FOTO DO DIA
O carro abandonado pelo piloto russo Nikita Mazepin no GP do Bahrein, no primeiro acidente da Fórmula 1 na temporada 2021

Coluna do Ricardo Antunes, Domingo, 28/03/2021.
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*Ricardo Antunes é jornalista, repórter investigativo e editor do Blog do Ricardo Antunes. Tem pós graduação em Jornalismo político pela UnB (Universidade de Brasília) e na Georgetown University (EUA). Passou pelo principais jornais e revistas do eixo Recife – São Paulo – Brasília e fez consultoria de comunicação para diversas empresas públicas e privadas.
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