Da Redação do Blog — Os funcionários da empresa de investigada por fraude milionária em Pernambuco sabiam que havia irregularidades na qualidade do leite. O delegado da Polícia Federal Marcio Tenório afirmou que eles jogaram no chão o produto para impedir a análise laboratorial e a confirmação da adulteração. Nesta terça (13), seis suspeitos foram presos pela Operação Desnatura e seguiram para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife.
“Isso aconteceu na primeira fase da operação, no ano passado. Quando a equipe da PF chegou para cumprir o mandado de busca, os funcionários começaram a despejar o os tambores do leite. Essa conduta inviabilizou a análise do produto e ao trabalho da perícia”, afirmou o delegado, durante entrevista coletiva realizada na sede da PF, no Recife, nesta terça.
A PF atestou, ainda, que havia risco nutricional no produto que era distribuído no estado. “A empresa montou um esquema e o leite que estava indo para os pobres e para merenda era de baixíssimo índice nutricional. Isso foi comprovado laboratorialmente, Hoje, fizemos as seis prisões e elas são preventivas e sem prazo”, declarou o delegado. A PF informou que as apurações começaram quase dez anos após o início dos contratos fraudulentos porque as autoridades só receberam as denúncias no ano passado.
O delegado Márcio Tenório observou que os primeiros indícios chegaram em março de 202 e tinham relação com fatos relatados em 2002 pelo TCE. “Fizemos a primeira ação, a Lácteos, em novembro ano passado, e agora realizamos a segunda etapa, já com inquérito pronto para seguir para o Ministério Público, para a denúncia”, afirmou Tenório.
A Controladoria-Geral da União ressaltou a gravidade das fraudes em dois importantes programas para os cidadãos mais vulneráveis: população pobre e estudantes que dependem da merenda.
Segundo ela, esse leite era enviado para creches e asilos de municípios. “Detectaram na PF que 70% do produto era composto por soro de leite. Mesmo com o descarte ilegal, foi possível descobrir a composição e a colocação de aditivos para dar aparência saudável”, disse.
“As pessoas podem fazer denúncias anônimas para a CGU. Podem in formar que é uma operação especial, a Desnatura. A participação do cidadão é fundamental”, declarou Conceição Policarpo, superintendência da Controladoria Regional da União no Estado de Pernambuco (CRU-PE).