Por André Beltrão – Duas vezes proibida por medida cautelar do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE), a publicação de um livro em homenagem ao ex-governador Miguel Arraes foi aprovada no final da gestão de Eriberto Medeiros e Clodoaldo Torres, que eram respectivamente presidente e primeiro secretário da Assembleia Legislativa até fevereiro deste ano. Foram pagos cerca R$ 1.732.800,00 (um milhão setecentos e trinta e dois mil e oitocentos reais).
A empresa Gráfica e Editora Quinta das Fontes LTDA (Gráfica e Editora Nassau) pertence ao empresário, Sebastião Figuerôa, velho conhecido da Polícia Federal. Ela está no nome de sua filha, Suellen Mendonça Figueirôa de Melo, conforme consulta feita pelo Blog.
O grupo criminoso é também um velho conhecido da Polícia Federal. Em junho de 2020, a Polícia Civil de Pernambuco detalhou a Operação Ripstop que investiga a atuação do grupo do empresário em fraudes de licitações em todo o estado.
Segundo a investigação, a organização teria embolsado R$ 132 milhões de dinheiro público, a partir das fraudes em licitações de diversas prefeituras no interior e na Região Metropolitana do Recife (RMR), além de órgãos do governo do estado, Câmara Municipal do Recife e na própria Assembleia Legislativa de Pernambuco.

De acordo com o delegado Diego Pinheiro, titular da 2ª Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), o esquema era feito por cinco empresas, quatro delas de fachada, todas pertencentes ao mesmo grupo de empresários. O MP já ofereceu a denúncia e pede a condenação de todos os envolvidos.
Os valores dos livros do ex-governador Miguel Arraes foram pagos uma semana antes de terminar o ano legislativo, mais precisamente no dia 22 de dezembro de 2022, como informou o Blog de Jamildo. Uma clara prova de que o esquema continua a todo vapor. Dessa vez, o TCE fixou a ver navios.
Sebastião Figuerôa já teve dois mandados de prisão solicitados na época da pandemia. A juíza negou os dois pedidos por conta da pandemia.
O grupo já havia tentando a mesma operação em 2019 com a empresa Gráfica e Editora Canaã, também do empresário, mas o TCE viu indícios de fraudes e anulou todo processo.
O livro, recentemente adquirido pela Alepe, é composto de quatro mil caixas box, cada uma com dois livros. O custo unitário de cada livro ficou em torno de R$ 256. As informações do pagamento estão confirmadas no site oficial do TomeConta do TCE.
Em reserva, parlamentares eleitos para primeiro mandato, afirmam que a licitação foi um verdadeiro escárnio que arranha novamente a imagem da Alepe e traz de volta a figura de Sebastião Figuerôa. Ao contrário do que se dizia ele continua operando firme e forte no submundo da corrupção pernambucana, sem sequer ser incomodado.
“É realmente muita coragem, além da certeza de que jamais será preso”, diz um parlamentar que pediu reserva. Todo esse céu de brigadeiro, no entanto, pode mudar, confidencia um interlocutor da SDS ouvido pela nossa reportagem. A ver.