Da Redação do Blog – O governo de Pernambuco e a Prefeitura do Recife, cujos titulares, Raquel Lyra (PSD) e João Campos (PSB), ferrenhos adversários políticos, disputarão diretamente as eleições de 2026, se confrontaram na tarde deste sábado (16) em Boa Viagem, na Zona Sul.
O pomo da discórdia foi o corte de árvores na antiga Vila dos Sargentos, determinado pela prefeitura para a construção do Conjunto Habitacional Vila da Aeronáutica, dentro do programa Minha Casa Minha Vida, e embargado no início da tarde pela CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco)
O secretário-executivo de Habitação da prefeitura, Felipe Cury, ignorou o embargo e mandou retomar a derrubada das árvores, sob protesto dos moradores da redondeza.
O diálogo entre Felipe Cury, de um lado, e do outro o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Daniel Coelho, e o presidente da CPRH, José Anchieta dos Santos, no qual as duas partes discutem a competência funcional dos órgãos ambientais da prefeitura e do governo, foi gravado:
Cury – A gente tem uma licença que dá o direito de fazer a supressão de 130 indivíduos arbóreos, que está identificado (sic)
Daniel –Mas em qual endereço?
Cury – No endereço que está aqui localizado. Você não precisa identificar cada lote e cada lote é propriedade do município. Então, a gente identificou o endereço, o endereço está lá posto na licença e a gente está fazendo um trabalho essencial.
Daniel – Mas não há endereço de todos os lotes.
Cury – Não precisa. Quem é que disse que precisa disso?
Daniel – A CPRH.
Cury – Não, aqui é município do Recife. Se a CPRH quiser fazer alguma intervenção, tem de entrar com os meios legais. Hoje a gente vai executar a obra, porque a gente está licenciado.
Daniel – Se você executar, a gente judicializa.
Cury – Pronto, é só judicializar.
Anchieta – Aí você vai ter de se explicar.
Cury – Interpretação é outra coisa, porque eu sei que tenho a licença municipal. O seu órgão esteve aqui há 15 dias, na verdade, o Cipoma (polícia militar ambiental) esteve aqui há 15 dias, verificou a licença, estava OK.
O diálogo foi encerrado com o secretário da Prefeitura insinuando que o movimento popular deste sábado contra a limpeza do terreno onde será construído o conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida se deve a um suposto preconceito contra mutuários de baixa renda morarem no bairro nobre da Zona Sul.
“A gente não é contra o povo morar em Boa Viagem”, finalizou o secretário-executivo de Habitação, afastando-se sob vaias dos moradores: “E as árvores, e os bichos?”, reclamaram, bradando: “destruidor!, “assassino”!
Com custo previsto de R$ 90 milhões, o Conjunto Habitacional Vila da Aeronáutica terá 528 apartamentos.









