Do Estadão – O presidente da Câmara, Hugo Motta, decidiu colocar em votação nesta quarta-feira, 25, o decreto que anula o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que pegou de surpresa articuladores políticos do governo e até a oposição.
Pela rede social X, Motta anunciou que o tema será votado nesta quarta. Seus aliados garantem que a votação é para valer e que o líder da Câmara está sendo pressionado pelos colegas em meio ao mal-estar provocado por falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela ação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que vem atrasando o pagamento de emendas parlamentares.

Motta anunciou a convocação da votação após a meia-noite desta quarta-feira. Deputados que apoiam a derrubada do IOF e que não estão em Brasília, em razão das festas de São João, foram pegos de surpresa. O combinado era que, nesta semana, seriam votados temas de consenso pelo sistema de votação remoto.
Entre governistas, o clima também foi de surpresa, uma vez que Motta havia sinalizado na segunda-feira passada, 16, quando a Câmara aprovou para o tema o regime de urgência — que acelera a tramitação — que daria 15 dias ao governo para tentar evitar uma derrota. O placar da aprovação do regime de urgência, de 346 votos a favor e 97 contrários, indica que o aumento do IOF enfrenta forte resistência na Câmara e deve cair.
O anúncio de Motta ocorreu pouco após a entrevista do ministro Fernando Haddad à TV Record, em que ele voltou a defender a medida do IOF, como uma política de justiça social, e que vai atingir apenas “os moradores da cobertura”. Essa visão, segundo parlamentares ouvidos pelo Estadão, coloca o governo no papel de defensor dos mais pobres, enquanto ao Congresso cabe o papel de defensor dos mais ricos e dos lobbies empresariais.
“Olha a maldade que se fez neste país durante sete anos. Um (governo) dava um jeito de cobrar mais imposto congelando a tabela do Imposto de Renda e não dando reajuste do salário mínimo. O nosso governo dá aumento real do salário mínimo e corrige a tabela de isenção do IR. São visões diferentes de mundo, e eu escolhi esse lado da luta política para fazer mais justiça social”, disse Haddad, quando questionado sobre o IOF.