Do Uol – O encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump marcou o estabelecimento de um trilho formal de negociações para que a pior crise diplomática na história da relação entre os países comece a ser superada.
A decisão de Trump de instruir seus funcionários a negociar é um sinal de que, a partir de agora, o processo ficará nas mãos de profissionais.
Mas nada indica que o caminho será fácil. Membros do governo admitem que a bomba “ainda não foi desarmada” e que o trabalho vai nesta direção.
Negociadores do setor privado admitiram ao UOL que ficaram frustrados com o resultado e que esperavam que um primeiro aceno de redução de tarifas poderia ocorrer. “Foi um banho de água fria”, disse um deles.
Oficialmente, a ordem das entidades do setor privado é a de mostrar “apoio” ao processo e dar um tom positivo, ainda que tenham sido obrigadas a recalibrar os comunicados que já tinham preparado, anunciando um acordo.
Ainda assim, o governo considerou que o encontro foi um passo “bom”. Diplomatas indicaram ao UOL que, de fato, todos os temas estarão sobre a mesa, inclusive as sanções contra autoridades brasileiras e as tarifas contra os produtos nacionais. E sabem que não será uma negociação simples. Mas o clima entre os dois líderes deu esperanças, para o Itamaraty, que haverá espaço para um eventual acordo, ainda que parcial.
Para o Brasil, porém, um dos principais objetivos foi atingido: frear a escalada da ofensiva americana contra o país, o que ficou evidenciado nos últimos dois meses.
O Palácio do Planalto não escondia que temia que os ataques cada vez mais duros de Trump poderiam significar uma ingerência em assuntos domésticos, inclusive com impacto na eleição de 2026.
O próximo passo é chegar a um eventual entendimento que permita a retirada de sanções ou de tarifas.
Mas o objetivo final do Brasil é de que, até 2026, a relação entre Lula e Trump caminhe a uma direção na qual será improvável que o americano tente influenciar ou desestabilizar a eleição presidencial, uma esperança dos bolsonaristas.
O plano está traçado e o processo negociador já terá início. O Brasil sabe que precisará colocar sobre a mesa elementos que permitam que Trump se declare, pelo menos parcialmente, como “vencedor”. Mas já indicou na reunião deste domingo que não abre mão de sua soberania.








