Por Ricardo Antunes — A oposição joga pra torcida quando diz que vai começar um processo de impeachment contra o presidente Bolsonaro. Faz até parte do jogo, mas isso hoje, é simplesmente impossível. E por qual motivo? Por falta de votos, explicou eu.
Para que esse processo tenha início é preciso que 342 parlamentares votem nesse sentido. A esquerda e partidos do centro não tem esses votos.
Se não vejamos. As legendas independentes na Câmara têm 187 deputados. A oposição tem 132, o que dá um total de 319 parlamentares. Soma-se a esse grupo cerca de 20 parlamentares do PSL que ficaram alinhados ao presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), no racha que levou à saída de Bolsonaro do partido. Ou seja, mesmo que não houvesse nenhuma dissidência nesse grupo, faltariam ainda três votos para se chegar aos 342 necessários (dois terços da Câmara).
Essa é a contabilidade formal. Na prática, há ainda substancial apoio a Bolsonaro nas siglas de centro-direita hoje independentes, como PSD e MDB. Além disso, o Podemos (10 deputados) anunciou nesta quarta-feira (8) ser contra o impeachment. Com isso, seria necessária uma dissidência representativa no centrão pró-impeachment ou a adesão formal de uma das principais siglas. Difícil de imaginar, já que PP, PL e Republicanos, possuem muitos cargos no governo.
Ou seja, segue o jogo.
GAVETA
O discurso do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), após as manifestações golpistas de Bolsonaro, foi elogiado por integrantes do governo. O deputado deu a senha que o Palácio do Planalto esperava e sinalizou claramente que os pedidos de impeachment seguirão na gaveta.

AGRADOU
Ministros classificaram o pronunciamento como “equilibrado”, “sensato” e se mostraram satisfeitos por Lira não ter feito uma defesa enfática do Supremo Tribunal Federal (STF), principal alvo de Bolsonaro.
UNIÃO
Apesar disso, as bancadas do PT na Câmara dos Deputados e no Senado se reuniram virtualmente na tarde desta quarta-feira (08) e concordaram com a organização de um ato nacional unificado em defesa do impeachment de Jair Bolsonaro. Com isso, o PT sinaliza pela primeira vez que irá às ruas ao lado de rivais históricos na política e que defendem a saída do presidente do poder.
COM LULA
A posição do PT será exposta em um novo encontro virtual, que contará com representantes de outros partidos, incluindo o PSDB. Um dirigente petista afirmou que a sigla não irá impor veto à participação de nenhuma liderança nos atos, e que Lula aceitaria discursar ao lado de tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e os governadores João Doria e Eduardo Leite.

PORTA-BANDEIRA
Dirigentes do PSDB decidiram “abrir a discussão” sobre o apoio a um possível impeachment do presidente Jair Bolsonaro, mas acordaram que o partido não deve liderar o processo. Nas palavras de um influente dirigente regional da legenda, a sigla não deve ser a “porta-bandeira” do tema.
MANIFESTAÇÕES
O PSDB ainda não confirmou se participará, no próximo domingo, de um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, para defender o impeachment de Bolsonaro. O protesto contará com a presença de políticos opositores ao presidente, como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, do DEM, o deputado federal Orlando Silva, do PCdoB, e os senadores Alessandro Vieira, do Cidadania, e Simone Tebet, do MDB.
ACENO
Ciro Gomes também está avaliando se vai ao ato organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), com quem vive às turras. O diretório municipal do PDT de São Paulo já avisou que vai endossar a manifestação.
PREOCUPAÇÃO
Montadoras de veículos veem com preocupação os impactos da falta de chuva na geração de energia. O país vive a pior seca em 90 anos, o que vem baixando o nível das hidrelétricas e forçando o acionamento de termelétricas, que geram energia mais cara. Segundo especialistas, o risco de apagão não está descartado, e há necessidade de racionamento.

ALTERNATIVAS
Além do programa para redução de consumo na indústria, o governo federal também lançou uma iniciativa para estimular os consumidores residenciais a gastarem menos. Os dois programas, porém, são voluntários. Por isso, segundo especialistas, podem ser insuficientes diante da situação crítica enfrentada pelo setor elétrico.
SAÚDE
O enfrentamento das arboviroses e outras endemias vai receber um reforço importante no Recife. O prefeito João Campos assinou, nesta quarta-feira (8), uma portaria nomeando 56 agentes de saúde ambiental e controle de endemias. As nomeações serão publicadas no Diário Oficial desta quinta-feira (9).
BOAS NOVAS
O feriadão de 7 de setembro trouxe boas novas para o setor hoteleiro de Pernambuco. Dos destinos mais badalados até os menos procurados à época, o balanço é de que houve uma melhora na ocupação, vide o período pandêmico da covid-19 iniciado em 2020 – já que na comparação com o pré-pandemia os números ainda seguem abaixo da média.
EXPECTATIVA
De olho no verão, a expectativa é de que pelo menos na faixa litorânea o fluxo de visitantes aumente, porém o setor ainda tem receio do recrudescimento de casos da doença, bem como da inviabilidade do trânsito de turistas por conta de medidas como as comprovações de vacinação.
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