Com informações da Assessoria de Imprensa — A comunicação hoje é digital. Impacta através das redes sociais. Mas ainda não é para todos, pois não é acessível. Empatia é o conceito mais comentado nas redes sociais. Aliada ao cenário de ativismo, qualquer postagem pode ser um telhado de vidro e um incentivo à cultura de cancelamento, para quem caminha na direção oposta aos conceitos politicamente corretos.
Contudo, as redes sociais são, ainda, um lugar de exclusão. Infelizmente, 90% dos conteúdos não são acessíveis, ou seja, ainda não são produzidos para impactar pessoas com deficiência auditiva ou visual. Elas ainda não têm acesso a conteúdos e, desta forma, é como se fossem invisíveis dentro da liquidez politicamente correta que ignora a inclusão digital.
Um influenciador, artista, marca ou empresa projeta toda a sua comunicação pelas redes sociais. Postagens e vídeos deveriam ser acessíveis: ter legendas, descrição da imagem, tradução em libras e /ou recursos de tecnologias assistivas. E isto é algo que não existe também no universo dos influenciadores digitais, que falam para milhões de pessoas, movimentam milhões com publicidade e sem pudor, postam, ainda, com seletividade. Qual influenciador digital famoso tem na sua equipe um intérprete de libras?
A invisibilidade da pessoa com deficiência é algo histórico. E apenas se repete na comunicação contemporânea. No Brasil existem 45 milhões de pessoas com deficiência. Destas, 10 milhões são cegos. Por que ainda são invisíveis para as marcas, e nunca vistos como consumidores de conteúdos em potencial? Existem estatísticas que apontam que, para cada PcD (pessoa com deficiência) você impacta mais duas pessoas (um pai, mãe, parente empatizado com a causa). Ou seja, pegue os números oficiais dessa imensa população de invisíveis e multiplique por dois.

No Recife, a In Soluções Inclusivas é uma iniciativa social que procura ensinar a empresas e marcas, como tornar a sua comunicação acessível. Criada ha três anos, a empresa social é uma agência de inteligência inclusiva, focada em difundir à sociedade os conceitos de inclusão atuais, responsabilidade social com as obrigatoriedades da lei e as formas de fazer comunicação digital acessível. A agência também desenvolve projetos voltados para o público com deficiência e tem no seu portfólio o case de acessibilidade do Palco do Marco Zero do Carnaval do Recife ano 2020 (primeiro ano com audiodescrição e libras), o evento Carvalheira na Ladeira, entre outros. Todas as pessoas que atuam nos projetos elaborados pela In Soluções Inclusivas tem deficiência ou são mães de PcDs.
“Recife , assim como todos os municípios do país atravessam um processo de eleições e as redes sociais de 99% dos candidatos são acessíveis. São cerca de 400 mil pessoas com deficiência no Recife. Pernambuco tem dois milhões (dados do Censo IBGE 2010) . Quase 330 mil surdos no estado e esse público ainda não é enxergado. Contudo, todos os candidatos possuem equipe de comunicação, que poderia produzir conteúdos para todos”, comenta Daniela Rorato, empreendedora social e gestora da In Soluções Inclusivas, cujo trabalho pode ser conferido no Instagram: @sejainclusivo. E não existe proposta, não existe acessibilidade nem na comunicação dos candidatos. Alguns começam a apresentar intérpretes de libras, mas isso não é tudo. É preciso fazer descrição de imagens e vídeos acessíveis a todos.
Há cinco anos foi sancionada a Lei Brasileira de Inclusão (LBI Lei n 13.146/2015), que tornou a acessibilidade comunicacional um direito. Ou seja, é obrigatório. Mas essa lei é plenamente ignorada no país. “A pessoa com deficiência ainda é retratada como inspiração ou superação. Ela ainda não é pauta da direita nem da esquerda. Ela ainda não tem protagonismo e sua invisibilidade fica evidenciada na hora em que visualizamos conteúdos de grandes marcas ou influenciadores, sem acessibilidade. Sem basicamente uma descrição da imagem postada, ou legendas, o que dependeria basicamente de esforço humano”, completa Daniela.
A difusão através do ativismo digital, de pautas igualmente importantes como a causa antirracista e a inclusão e respeito a pessoas LGBTI, demonstra que avanços importantes estão acontecendo nestes temas . Isto é refletido na publicidade. A esperança é que este imenso e invisível recorte da população, ainda plenamente ignorado, seja incluído e possa ter a sua luta reconhecida, passando a pertencer ao que acontece no universo da comunicação digital.