O apresentador, Adherval Barros, encerrou a edição desta terça-feira do programa, JOGO ABERTO PERNAMBUCO, na TV Tribuna, fazendo um apelo para que o “torcedor de bem deixe de ir aos estádios pernambucanos”. Foi mais além pedindo que todos, independente de bandeira, abraçasse essa campanha que tem por finalidade externar a indignação da sociedade pernambucana.
Adherval é um profissional que está na estrada há 40 anos. Viu nascer as organizadas do bem – Santamante, Treme Terra… – assim como testemunhou a mudança de cenário, quando a turma que só levava alegria aos estádios foi substituídas por facções criminosas que encontraram no futebol um canal livre para disseminar a violência a aterrorizar as cidades.
Sempre ouvi dizer que, “um câncer quando extirpado no início é possível salvar o paciente”. No caso específico do futebol pernambucano, o câncer da violência se transformou em metástase. Saiu dos estádios, ganhou as ruas do Recife, ultrapassou as fronteiras da Capital Pernambucana e chegou ao Interior. Tal qual uma epidemia avassaladora, para a qual ainda não se encontrou um antídoto, a população é atacada independentemente se é dia de jogo ou não. A resultante não é outra coisa senão uma sociedade refém do medo.
O que aconteceu na noite da segunda-feira, no Pátio de Santa Cruz, quando um grupo de tricolores se confraternizavam para comemorar os 106 anos de fundação do Clube do povo, e foi covardemente atacado por integrantes da facção criminosa, Torcida Jovem do Sport, foi aterrorizante.
Assim como, aterrorizante foram as declarações do presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, que desejou que a Polícia Militar tivesse atirado nos vândalos, transformando o histórico pátio num campo de extermínio. Com certeza este não é o caminho para corrigir os erros cometidos pelos dirigentes dos clubes que dão guarida as facções criminosas; aos deputados que as apóiam; aos jogadores que fazem louvações a esses bandidos; aos torcedores que engrossam seus cordões; a inércia da Justiça e da Polícia Militar que tornam esses “intocáveis”.
É doloroso ver a Polícia Militar escoltando as facções criminosas no ir e vir dos estádios. Não menos doloroso é assistir os doutores da lei definirem jogos com uma só torcida por conta das Organizadas do Crime.
Os fatos que testemunhamos nesta segunda-feira sem lei representam apenas mais um parágrafo de uma história que vem sendo escrita há décadas. História sangrenta, com episódios de barbárie, mortes e mutilações. Cenas que passaram a fazer parte do cotidiano do futebol pernambucano.
Não foram poucos os gritos de alerta dados pelo mestre, José Joaquim Pinto de Azevedo, que durante dez anos manteve um blog que prestou grande serviço ao futebol pernambucano. No mínimo, nos dava a oportunidade de degustar uma boa leitura. Azevedo estava revoltado com os fatos ocorridos na segunda-feira.
As Organizadas do Crime que tomaram conta do futebol pernambucano, com a conivência de políticos, dirigentes e jogadores, transformaram o Recife numa panela de pressão, deixando a sociedade num alerta permanente.
Amigo Adherval!
Comungo com sua indignação. Não existe protesto mais efetivo e legitimo contra essa violência do que deixar de frequentar os estádios pernambucanos.
Somente assim não seremos testemunhas da vitória do crime organizado.