Por Ricardo Antunes
A revelação feita pelo repórter do JC, Raphael Guerra, de que a SDS mentiu novamente sobre a perícia não realizada dentro do quarto onde o empresário, Paulo Morato, foi encontrado morto, caiu como uma bomba no Palácio das Princesas. Irritado com a série de contradições da própria secretaria para o caso, o governador foi orientado por alguns assessores para demitir o Secretario, Alexandre Carvalho. Eles avaliam que a demora da polícia e as contradições nas declarações a imprensa apenas servem para estimular os boatos que inundam as redes sociais e que podem afetar, definitivamente, a imagem do PSB para as próximas eleições.
Na madrugada do dia 23, a delegada Gleide Ângelo solicitou, sim, perícia no local para fornecer provas que pudessem contribuir com as investigações, o que desmente as informações dadas pela Secretaria de Defesa Social. Através de uma nota, a SDS havia informado à imprensa que os peritos haviam ido ao local “espontaneamente” e sem “ordem superior”. Assim que chegou ao motel, a equipe recebeu ordem de deixar o mesmo sem a realização da perícia, o que motivou o espanto de muita gente e de técnicos da própria secretaria. O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco, chegou mesmo a emitir nota oficial, na segunda-feira, onde solicitava “investigações” sobre o cancelamento da perícia.
O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), iniciou uma série de ações para exigir autonomia de investigação no caso: “Estamos começando uma cruzada pela transparência no caso. Acreditamos na Polícia Civil e temos a certeza de que se deixarem a gente investigar, a polícia pernambucana vai elucidar essa morte, seja ela crime ou não”, afirmou o presidente do Sinpol, Aúreo Cisneiros.
A decisão de deflagrar essas ações começou a partir de denúncias de supostas ingerências na investigação. De acordo com o Sinpol, peritos papiloscopistas foram impedidos de realizar a coleta de digitais dentro do quarto da vítima. O fato causou “estranheza” à categoria.
A ordem para barrar a perícia, considerada padrão, teria partido do secretário de Defesa Social (SDS), Alessandro Carvalho. “Foi o que a categoria nos passou. Essa investigação está fora do padrão. Os peritos chegaram para fazer a coleta de digitais e outros detalhes, mas receberam uma ordem para nem entrar no quarto. Vamos pedir ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que apure essa conduta da investigação da morte dele”, contou Cisneiros.
O empresário encontrado morto fazia parte de uma quadrilha que, segundo a PF, desviou mais de R$ 600 milhões de recursos públicos e abasteceria o esquema de Eduardo Campos em campanhas eleitorais. Um dos presos, João Carlos Pessoa de Melo, era formalmente, o dono do avião que o ex-governador e Marina Campos usaram na campanha presidencial. Quatro pessoas foram presas e o único foragido, Paulo Morato, foi encontrado morto 48 horas depois, num motel em Olinda.







