*Por Pedro Doria — Caos. É assim que muitos, próximos à Casa Branca, descrevem o ambiente desde que foi confirmado que o presidente Donald Trump não só testou positivo para o vírus SARS-Cov-2 como tem, oficialmente, sintomas leves de Covid-19. Segundo o que ouviu um jornalista da “Vanity Fair”, tosse e alguma febre.
É inevitável que, nos próximos dias, a postura de Donald Trump seja pesadamente questionada. Ele vinha promovendo seus grandes comícios em ambientes fechados já há mais de um mês. Só hoje teve de cancelar um que ocorreria à tarde na Flórida, outro, sábado, no Wisconsin, e um terceiro, que seria segunda-feira, no Arizona. Não bastasse, o presidente já sabia que Hope Hicks, uma de suas assessoras mais próximas, havia testado positivo quando se encontrou com inúmeros doadores na quinta-feira, no final do dia. Na sexta-feira, logo cedo, ligavam aflitos pois vários abraçaram o presidente efusivamente. Ele os expôs ao risco.
O impacto na campanha não vem só do debate que aparecerá. Trump está atrás, precisa ganhar terreno, e as eleições ocorrem em um mês: 3 de novembro. Biden está tocando uma campanha cautelosa, evitando riscos. Trump, que é uma potência nestes grandes comícios, tinha esperança de diminuir a distância. E esta é a tendência histórica, mesmo: distâncias diminuem na reta final de campanha.
Só que ele precisará ficar isolado duas semanas na Casa Branca — o que inclui 15 de outubro, data do próximo debate presidencial. Neste momento, há muito mais dúvidas do que certezas. Mas, para o presidente americano, a notícia é por enquanto muito mais grave politicamente do que para sua saúde.
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*Pedro Doria é um jornalista e escritor brasileiro.